sexta-feira, 30 de dezembro de 2016
segunda-feira, 26 de dezembro de 2016
"ALEPUIA"
(Criança à procura do mundo)
Alepo 2016
Passou sem bombas a rua inteira iluminada
do olhar das crianças tão ricas sem nada.
As pessoas correm menos apressadas do que as balas
em sapatos que encontram já separados dos donos.
As notícias falam que a paz chegou e o mundo
quase perdido não acabou como prometido.
As montras vazias enfeitadas de lembranças
lembram bolas coloridas entre memórias de
esperanças de meninos sem tiros e sem fome.
Entram saudades de fora saem saudades de quem
tão cansado já nem sabe como se dorme.
Esgotaram-se vidas como rios perdidos de leito
que crescem sem rumo como de mal possuídos
de desgraças próprias sem rostos definidos.
Sabemos pelo luar das estrelas
que a ternura em muitos de todos existe
mesmo escondida por tão castigada persiste.
Tudo se reinventa depois a partir do nada
tornando-se a vida e o tempo assim menos mal
neste bem sempre com data marcada
a que chamamos Natal.
sexta-feira, 9 de dezembro de 2016
"ENTRETEMPOS"
Que tempo este que me desacorda
quando acordado sempre estar pensava
e me desloca para uma penumbra
desconhecida que me afasta
da realidade que gostaria de ter.
Foge-me entre as frinchas que a idade
vai abrindo na fortaleza que pensava
poder manter apesar de tantos erros
cometidos... Descuidos mais propriamente
que embora sejam próprios de gente
castigam nos anos o corpo e a mente.
Vejo-me preso de movimentos
antes vulgares sendo que me sinto
ficar lento no pensamento que parece
ser precisado de um qualquer cuidado
paliativo que não pedi para ter guardado.
Parece que o mundo roda ao contrário
pareço estar no mundo a ficar cansado
ou estagiário em formação para
nova realidade... Antes só pressentida.
Será vida ou apenas fases da morte
lenta para uma vida tanto tempo desatenta.
Sobra o olhar nas folhas e nos frutos
do meu inventado jardim que floresce
pleno de luz e de amor que me enriquece.
Sobra a mão do amor que me amanhece
lado a lado nas noites de todos os dias
como rio fosse que para o mar corre e... Acontece.
quinta-feira, 17 de novembro de 2016
terça-feira, 15 de novembro de 2016
"CIRCULAÇÃO"
É preciso urgente sangue arterial
no coração nos pés na cabeça
antes que algo aconteça
que a idade chegou à hora local.
Deixa correr o soro que desentope as asneiras
dos fumos e guisados e outros males cozinhados.
Deixa correr o soro da verdade
percorrer o corpo metade
de frente para trás
que por mais doce que seja
não é tão eficiente
como o amor que me dás.
Já o sinto em mim a entrar
plo bater do coração
que mais parece um tesouro
nos momentos de ansiedade
desta grande confusão
que nela me invento a sonhar.
Deixa ! A gota fluí por mim inteiro
e se o tempo alarga a idade
também o rio antes de o ser é ribeiro.
quinta-feira, 27 de outubro de 2016
"CONTINUAÇÃO"
Voam palavras teimosas escondidas nebulosas
descaradas vaidosas perturbadas de ansiosas
sem destino arrumado sossegado sussurrado
sem espaços no pormenor de inverdades embrulhado
não às frases inventadas na pressa do preconceito
faz de conta mas sem conta usadas pra nosso jeito.
Não ao amor desabrido evasivo flutuante
tão perto no momento distante logo num instante
como a ternura fingida que sobra sem esconder nada
nos caminhos desnudados de destino e estrada
percorrida em promessas de mais amor e saudade
em potes de doce amargo com rótulos de felicidade.
Voam palavras carregadas de maldades anunciadas
em folhas de jornal de outras semanas passadas
na crueza da vida que não parecendo cedo nos elimina
como a luz apagada pelo destino nas mãos da sina
que num canto se olvida em momentos de má sorte
entre pedaços de vida incertos como certa só é a morte.
sexta-feira, 21 de outubro de 2016
"UM PEDAÇO DE SOMBRA "
São passos teimosos e curtos no espaço que resta
neste quarto verdadeiro caixão em forma de cela
que da janela liberto inocente meu olhar que já não és.
Lembro a presença de velho adubo de cheiro adocicado
guardado na casa das sementes com osgas por todo o lado
esperando eu miúdo a trovoada que rugia estremecendo a janela
como que relembrando o medo que tive eu e eu a teus pés.
Sinto já na pele este vento revolto no pó antes parado
e no movimento já és do lado de lá a sombra e as costas
do meu corpo que deixo parado como de esguelha.
Vejo melhor de lado as partes que não me mostras
agora que te arredei deste enredo antes emparedado
que me prendeu mais do que a devido era dado
se as folhas tremem mais do que a luz que as espelha.
Os pardais como um bando de loucos aprisionados
escoam-se com a enxurrada da vida que se abateu
sob os nossos ribeiros de águas nos olhos molhados
escondidos que mais nada aparece do que se perdeu.
quarta-feira, 5 de outubro de 2016
"LUAR DE ÁGUA"
Perco-me amor no teu olhar
deixando teu corpo desnudo
banhado da chuva que nos abraça
despida ou nua não interessa
que o tempo não é de pressa.
Chove no luar da minha lua
que és somente tu
sossego no teu leito frio e nu
deixo que a lua seque nosso cansar
que nos inunda o olhar ora de água
mas em tempos de brasa tão acesos
deixando-nos neles por fim ficar presos.
Entre o desejo que me assola vejo
que desapareces nos espaços
do teu olhar que não oiço nem beijo
tornando-me trôpego o andar molhado
neste dança feita de exaustos passos.
O luar deixa-me só já não me movo
que o futuro não passa nesta rua
minha e tua nem tão pouco na lua.
Pingos de sombras caem sem parar
de nuvens negras que sinto chegar
neles vou perdidamente voltar a
perder-me de novo
no fundo do teu olhar.
segunda-feira, 3 de outubro de 2016
"DEDICAÇÃO"
Segura-me na mão por favor
enquanto adormeço
perdido de mim.
Segura-me na mão por favor
que já não me conheço
nem sei para que vim.
Segura-me na mão por favor
que a sinto cansada
dormente pesada.
Segura-me na mão por favor
só mais uma vez
amor tu não vês
que já ela me pende
como estando a cair.
Estarei mesmo de saída
já que nada me prende
sinto-me estar a partir.
Segura-me na mão por favor
enquanto aos poucos pareço
que me sinto esquecer
no corpo a que já não pertenço.
Segura-me na mão
com gentileza por favor
mesmo que sem amor.
Prometo ser breve simplesmente
nesta triste ocasião
que sendo demais conhecida
nunca é bem conseguida
segura que estou doente.
Segura-me na mão por favor !
sexta-feira, 30 de setembro de 2016
"COISAS DO AMOR"
De que me serve quebrar o ramo florido
em que na ponta te vejo deslumbrante
se na mão me fica depois uma pernada
sem jeito vazia estéril de flor em diante.
De que me serve lançar o seixo no espelho do lago
onde brilha e mora ondulado teu nítido reflexo
se no meu estar és gota que me sacia de um trago
a sede que trago confusa de demorada sem nexo.
De que me serve iludir a ausência de razão
onde estando ausente sempre te faço presente
deixada ao acaso por desarrumada arrumação
que me varre a vida como dor que se não sente.
De que me serve teimoso de improviso suavizar
as imagens penduradas por molas na memória
se o conto é mal contado fechado a nele entrar
por mil maneiras que tente alterar dele a história.
sexta-feira, 23 de setembro de 2016
"ÀS VEZES O AMOR"
Chove sem parar sobre as pedras da calçada
que todos os dias percorro ao teu encontro.
Fica mais escura escorregadia teimosa como dizias
quando saía do teu amor despachado feliz e tonto.
quando saía do teu amor despachado feliz e tonto.
caminho para trás de ti agora perdido por te perder
à portas fechadas alinhadas sem fecho para morrer.
Dispo-me da roupa e da pele sob o lençol salpicado de luz
lavando as feridas com a nódoa que me deixaste e te seduz
sabendo que da tempestade sobrámos ambos tristes e nus.
Adormeço a ler um livro sem letras pretas nem tortas linhas
como num sonho que floresce em jardim de ervas daninhas
que reparo não foi mais o que esperava apesar de ideias minhas.
quarta-feira, 21 de setembro de 2016
"SEIVA"
Será a seiva que o corpo preenche e nos percorre
nos dias que imaginamos sem conseguir ler ou prever.
Será este pulsar incessante danado parecendo expiação
em constante desatino que na vida se carrega como lavação
da alma pintada ao acaso de cor do vinho vermelhão.
Bebem-se os dias em malgas cor de sangue e pedra corroída
que lembram janelas penduradas a secar perdidas
envoltas de mares agitados nos ventos da memória
que do coração saem como luzes dum farol sem história
vergastado que está em rocha sem aberta porta de saída.
Será a alma vista de fora brincando em nós às escondidas.
De nada vale então o sabor que a seiva deixa saber
se num vento deslumbrado nos deixamos esquecer
entre as soltas palavras que não queremos lembrar.
Mas e a vida que cresce às arrecuas dela mesma
que move o pensamento e a seiva e a alma e tudo
como se do nada o som do vento se torne num repente mudo.
De nada vale então o sabor que a seiva deixa saber
se num vento deslumbrado nos deixamos esquecer
entre as soltas palavras que não queremos lembrar.
Mas e a vida que cresce às arrecuas dela mesma
que move o pensamento e a seiva e a alma e tudo
como se do nada o som do vento se torne num repente mudo.
quinta-feira, 15 de setembro de 2016
"FAINA"
Passas o pregão pela hora do meio dia.
direita garbosa risonha e passos lestos
carrinho silencioso rodas almofadadas
numa dança que me para e tu avanças.
De avental garrido e lenço do norte à cabeça
espalhas pela rua vaidosa o cheiro do mar
entre escamas de conversas curtas pescadas
à esquina da rua que está a acordar
e passa a correr-te pela manhã de venda
lavando-te o rosto das marcas das olheiras
que as redes largadas cedo deixam no rosto.
Embalas agora a safra que o amor foi bom a dar
e a menina aconchegada pelo xaile da faina
quer mamar de ti mesmo com sabor a mar.
Rumas por fim à cama para amanhar o dia
pescar o amor dos beijos que a vida deixe
até que a madruga madrugue de novo o peixe.
Feita de areia e sal a noite sabe à leveza
de mais uma madrugada na incerteza
se mais pescado haverá tão fresco no carrinho.
sexta-feira, 9 de setembro de 2016
"ÀS VEZES"
Às vezes escorrega-se-me o sono
fixo o olhar no breu do meu canto
traço um fio de arame fino que imagino
e nele penduro aleatoriamente memórias
que me atravessam sem pedir licença
para entrar por nunca terem saído.
São pequenos acasos já extintos
pelo tempo que recupero ao acaso
dos metros de vida corridos que têm
o condão de me ainda causar espanto
mesmo no escuro estando mergulhado.
Não sei se posso deles ser exclusivo dono
que o amor e a lembrança sendo encanto
trazem rasto de mudança causada ou desatino
quais velhos livros semeados de más histórias
que lidos sem ver nos dão tamanha parecença
de tal coração que do peito se tenha esquecido.
São pequenos acasos extintos
do trote que transformamos em curto passo
na direção da verdade sem avisar ninguém
que pudesse sentir o mesmo tipo do tanto
se no escorregar do tempo à sono embrulhado.
E no fio do arame dança ao vento a vida
dos que esquecidos amamos e amámos
mais os outros que no tempo partir deixámos.
terça-feira, 6 de setembro de 2016
"PODE SER RIO"
Correm o tempo rios e pensamentos difusos
prolongados como o cansaço que provocam
baralhando as razões entre bons e maus usos.
Sobra a resistência que lhes faz frente
num labirinto de ideias que nos impele
a delas sair fugindo em tempo decente.
São rudes de travar os dias embrulhados de pele
envolta que revemos em papel sem preço certo
como nascidos fossem de sonhos por desbravar.
O amor é assim rio que consegue desaguar
mesmo que ferido de mágoa ou destino incerto
sabe que seguindo em frente acaba por ser mar.
A confusão serve-se quente em pratos rasos
para não ficar privada da mais desejada verdade
mesmo que cegos sejam a vontade dos acasos.
O rio feito amor sacia o eu e as ervas daninhas
que nascem e crescem sem ser preciso regar
morrendo dentro do tempo se as soubermos notar.
sexta-feira, 2 de setembro de 2016
"ROTINA"http://kacufonia.blogspot.com/
Passam por nós como vento as ideias da espuma dos dias
primeiro deixa-nos cegos deixa-se depois vislumbrar
em contornos de horizontes escondidos por arrumar.
A espuma dos dias é feita de acasos na estrada da vida
caindo qual flocos de saudades que nos moldam o percurso.
A espuma dos dias é efémera doce amarga ou nada
molha o pensamento descuidado tolhe a liberdade
tornando a rotina descuidada como um abraço de urso.
A espuma dos dias passa por nós como nós pela idade
é uma porta sempre aberta janela sempre fechada.
quarta-feira, 31 de agosto de 2016
"SOBRAS DE TEMPO"
O espaço tende em volta a fechar-se
o ar torna-se rarefeito
o sol brilha intermitente
nem ele é perfeito.
Os dias fazem de conta estéreis
como se desconhecido mal
os tornasse no tempo reféns.
As horas deslizam descontroladas
perdidas sempre acrescidas
sente-se o cuidado solto e sem chama
parecendo que parece perto qualquer fim.
Pouco sobra de beleza no horizonte
que nos atravessa
como interminável ponte.
quarta-feira, 27 de julho de 2016
"FOLHA SECA"
Surges trazida pela brisa
descuidada do norte
cais lentamente
despercebida no tempo e na vida
afagando o chão que piso
despercebida no tempo e na vida
afagando o chão que piso
em voltas de azar e sorte
e às vezes um sorriso.
e às vezes um sorriso.
És folha e laço de ternura
entre tempos de desejos
e beijos
cantigas saídas da alma
ao pôr do sol de Outono.
e beijos
cantigas saídas da alma
ao pôr do sol de Outono.
O mar vive hoje desalinhado
com o vento
salta zangado de encontro ao cais
salta zangado de encontro ao cais
onde tudo são folhas secas
caídas iguais.
caídas iguais.
A maré perdida
perdeu-se num horizonte
em cores indefinidas que nem
o azul do céu disfarça.
perdeu-se num horizonte
em cores indefinidas que nem
o azul do céu disfarça.
Tudo parece revelar
o tapete de folhas secas
mas não mortas
porque a vida passa.
mas não mortas
porque a vida passa.
Coloco-te entre as folhas baças
de um poema
escrito noutro tempo
abandonado às gerações.
na falta de melhor ideia
escrito noutro tempo
abandonado às gerações.
na falta de melhor ideia
deixo o tempo escorrer
as emoções.
as emoções.
Perdida esvoaçante folha seca
segues levada pela rua possível
desmaiada no tempo
amarelecida pelo medo
desmaiada no tempo
amarelecida pelo medo
na Primavera irás de novo nascer
mas isso é para já
folha caduca segredo.
segunda-feira, 4 de julho de 2016
"APRESSADO TEMPO"
Correm tão apressados os tempos
que os abraços desejados ficam por dar
esquecidos e soltos em mar coalhado
de indiferenças.
Esvoaçam pelo ar gestos sem rumo ou tino
em olhares difusos mortiços de parecenças
fecundadas por estranhos desconfiados feitiços
inventados por vento passado em fugazes desatinos
envenenados coloridos elaborados de crenças.
Correm os dias como as contas de um rosário
visitado de ladainhas inventadas e mais rezas
desabridas de estranhas e informe razão.
Entre os dias labora-se um rol de triste fadário
por ideias deslembradas que jazem de andança
vogando num mar inteiro pintado a cores de nevoeiro
Fantasmas de cores e formas bizarras ladeiam
os sulcos que o tempo agreste escava na alma
arrefecendo o destino queimando a esperança.
Caem as folhas ao acaso pla noite do mundo inteiro
como fossem vidas perdidas privadas de história
tal se torna o amor quando enrugado da idade
antes alegre descuidado lavrada em sonho e glória
por continuada lembrança de pontos brilhantes
que de tanto brilho dão agora contorno à saudade.
quinta-feira, 30 de junho de 2016
"SILHUETA"
Vivo por vezes da tua silhueta
que conservo já esbatida é certo
nas profundezas da memória
mais recatada mas sempre acesa.
Parece por vezes estares por perto
como se o livro tratasse história
perdida inglória falha de certeza.
Estranhas formas assim ganhas
ao meu olhar fechado que pratico
nas profundezas do meu eterno annata
que vive ele também fixo na silhueta
indefinida de forma precisa e presa
que curando presumo sei que mata.
quarta-feira, 29 de junho de 2016
"DO LUAR "
Ao luar reparo no teu olhar.
brilhante como está a lua
caminho por poças de água
nesta sem fim vida de tanta rua
salpicada de chuva sempre irregular
que não sei sequer se chega a molhar.
As portas permanecem fechadas
tecendo um vazio de rendas e
janelas que choram desalinhadas
por desejos que me assolam
se "desluarado" deles permaneço
em luares de memória que repasso.
Ao luar volta-se o andar como se o
presente fosse agitado horizonte de
mar e rumos ponteado de velas
sôfregas de vento que partiu
deixando que perdido no teu luar
me perca no fundo do teu olhar.
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