Olho-te como um imenso mar
revolto zangado de estranha cor
em desenganado sonho vadio.
Deixo-te perder no meu olhar
perdido que fico na cerração da dor
sob um imenso pó espesso e bravio.
Um sonho mau passa como a maré
vazia de sentido que retorna adentro no mar.
Damos então as mãos sentindo o corpo acordar
na imensa planura de um braço simples de dar
afagados por leve brisa que discreta paira no ar
levantando-nos do chão perdido de fé.
Depois tudo tornamos transparente
se parido amor se sente por perto
apertando o peito desperto da gente.
Estranha maré esta de correntes errantes
que findado o sonho tornam o dia desperto
mesmo que de tão perto estejam distantes.