Perco-me amor no teu olhar
deixando teu corpo desnudo
banhado da chuva que nos abraça
despida ou nua não interessa
que o tempo não é de pressa.
Chove no luar da minha lua
que és somente tu
sossego no teu leito frio e nu
deixo que a lua seque nosso cansar
que nos inunda o olhar ora de água
mas em tempos de brasa tão acesos
deixando-nos neles por fim ficar presos.
Entre o desejo que me assola vejo
que desapareces nos espaços
do teu olhar que não oiço nem beijo
tornando-me trôpego o andar molhado
neste dança feita de exaustos passos.
O luar deixa-me só já não me movo
que o futuro não passa nesta rua
minha e tua nem tão pouco na lua.
Pingos de sombras caem sem parar
de nuvens negras que sinto chegar
neles vou perdidamente voltar a
perder-me de novo
no fundo do teu olhar.