Correm apressados os tempos e...
os abraços que perdidos ficam por dar.
Entre pontes e rios de mar mascarados de gente
esvoaça-se no ar sem rumo... o destino.
Tudo se parece no olhar tornar difuso mortiço
como que fecundado por estranho feitiço
inventado do passado em fugaz desatino
envenenado colorido em elaborado presente.
Correm os dias como as contas de um rosário
visitado por ladainhas inventadas desabridas
numa estranha forma de informe religião.
Entre os dias labora-se o rol sem fim de um fadário
formado de ideias lembradas que logo esquecidas
vogando assim perdidas pelo mar inteiro e num rumo
pintado com as cores do nevoeiro em molduras de solidão
que partem subindo sem ar qual vulcão envolto em fumo.
Fantasmas de todas as formas e cores ladeiam
os sulcos que o tempo atento escavou na alma
que se julgava agarrada ao corpo por dentro
arrefecendo o destino sem esquecer a esperança.
Caem as folhas a noite e o olhar na praça engalanada do centro
que agora moribunda deixa o amor ver o enrugar da idade
antes alegre descuidada lavrada de continuada lembrança
de luzes errantes que brilhando dão contorno à saudade.