sábado, 2 de fevereiro de 2013

"OBRAS DE REMODELAÇÃO"

Está a vida em obras por todo um Portugal cansado e espoliado ao longo dos anos.
 
Assiste-se a um desgaste e mudança crescente na vida dos Portugueses que nos faz reparar qual fado "EM ESTRANHAS FORMAS DE VIDA"
 
Politicamente as alterações no dia a dia, são degradantes e os casos diários estão de modo a exasperar o mais comum dos mortais.
A luta partidária e os reposicionamentos estratégicos são despudoradamente apresentados sem tino e sem vergonha diariamente nos meios de comunicação, que infelizmente apenas são alvo de atenção por (será tanto) um terço da população.
Os restantes dois terços dividem-se pela "Mundo cor de rosa" e ficam-se pela ignorância e pela procrastinação continuada, naturalmente alheios às obras e às demolições diárias e consistentemente levadas a cabo.
 
À mudança forçada por necessária, resiste-se com unhas e dentes e o que é pior assobia-se para o lado.
Aflige-me esta situação, quando vejo uma grande parte da população jovem e alguma menos jovem mas ainda na "força da vida"  que relativiza desprendidamente o tsunami que tudo muda, tudo arrasta e que tudo deixará por muitos anos diferente de um passado recente.
 
Há muitas exceções e muitos e muitas procuram lutar contra este estado de coisas. Uns procurando (emigrando), outros tentando apetrechar-se pelo estudo de melhores ferramentas para os tempos cada vez mais exigentes que o futuro deixa adivinhar.
Se aos primeiros admiro a força interior que os move, aos segundos admiro a perspicácia e a lucidez da forma de luta escolhida.
 
Para uns e outros para além do futuro e qualidade da própria vida, está em causa também um aspecto não menos importante que passa por, deixarem nos que estão de saída do campeonato da vida um certo aconchego no vasto rol de preocupações que sempre têm os Velhos pelos novos, os Pais pelos filhos.
 
Rumo firme aturado e vigilante são pois a forma para que a "derrota", inevitável em todas as curvas do Oceano, não seja grande demais, não seja acentuada de mais, de modo a que o porto esperado seja alcançável.
 
Portugal e os Portugueses estão pois em vias de mudança radical de costumes e usos.
Se aos costumes tardava uma reviravolta acentuada, aos usos e à forma de estar, muito mais tardava uma mudança de hábitos e formas de encarar o futuro e a vida de cada um.
 
De certo modo não passou a minha geração por esta agora premente necessidade, infelizmente atrevo-me a dizer, já que reconheço que foi a não necessidade, que em muitos gerou a  procrastinação do "modus vivendi" que nos trouxe a quase todos à situação actual.
 
Nesses tempos a necessidade de mudança e procura apenas era levada a cabo de uma forma continuada por aqueles que eram possuidores de conhecimento e por aqueles que a vida bem dura existente, aliada à falta de acesso à cultura pela escassez de meios (alguns (muitos) como eu por falta de rasgo)  levavam a que a falta de perspectiva profissional fizesse com que (como que à força) procurassem o trabalho duro e pouco qualificado em novas realidades em novos (para eles) Países.
Luta épica essa dos nossos emigrantes que singraram por todo o Mundo e que por lá resolveram aquilo que não poderiam nunca ter resolvido em Portugal e que tão só era a construção de família e sustento da mesma.
 
Assiste-se no Portugal de hoje, País modernamente falso, dado que muito atrasado em relação aos  Países do espaço Europeu a um fenómeno em tudo parecido aos anos em que a emigração era forma de vida.
A pobreza crescente e a falta de perspectiva são de novo a razão para que de novo aconteça a necessidade da procura de outros horizontes, a procrastinação já não é mais possível e embora a massa migratória esteja apta de conhecimentos e muito menos tolhida  pela ignorância, volta-se de novo a colocar a cada um o desafio de romper barreiras e deixar o estado de resignação.
 
A meu ver olho com admiração por um lado e estupefação por outro, a maneira como a massa social se move  no contexto Português.
A ignorância é amiga da resiliência e é um mal que devia ser evitado.
Só assim compreendo a maneira como uma grande faixa da população potencialmente ainda ativa aceita a falta de perspectiva para si e para os seus, num do País que nos próximos 20 ou mais anos na melhor das hipóteses apenas terá como meta o não ficar ainda pior.
Serei negativo na análise ? Talvez. Nada fiz no meu tempo que ao de leve ilustre as opiniões defendidas? Talvez.
 
Sei contudo precisar que a falta de conhecimentos (não me considerando contudo um caso de inoperância total durante a vida activa e até na actual ) que não adquiri foram a principal razão para (tudo ou quase tudo) que me leva agora a escrever sobre estes assuntos. 
Um atraso que agora sinto me inabilita na acção e me espicaça a critica àqueles que colocam a passividade como estado normal.
 
Nem todos podem sair de Portugal é verdade, nem todos querem sair do seu País é compreensível , razões de vária ordem prendem o movimento é verdade, cada caso é um caso é a realidade mas...
 
A vista curta, a entrega à comodidade e a falta de ambição e conhecimento são os maiores entraves para que uma geração ou duas fique venha a ficar  parada no futuro e refém de um mundo Português que será cada vez mais madrasto e afastado do desenvolvimento global.
 
A felicidade que nos dá a esperança de vivermos um pouco mais descansados (não acima das possibilidades... Isso morreu) nos parâmetros e modo de vida a que todos sentimos dever ter direito parece estar arredada no horizonte Português por muitos e muitos anos.
 
Boas perspectivas de futuro para a vida ativa, boas hipóteses de um futuro mais consistente para os filhos e por último esperança numa velhice  mais sossegada são a meu ver coordenadas e caminhos sujeitos nos dias de hoje a grandes obras... 
Pelo que a "circulação"  deve mais do que nunca ser, cautelosa e assertiva.