quarta-feira, 11 de junho de 2014

"FOLHA DE AREIA"











 Parto sem nada pensado a escrever
sentindo um vazio no calor que me rodeia
apesar do teu amor enlaçado constante
tua atenção integra desmesurada...

em dedicação que pareço achar por vezes
desmerecer.

A folha branca como um enorme deserto
vago de sombra farta de ideal diminuto de ideia
varrida por um sol altivo e penetrante
que não deixa sob ele viver quase nada
durante os próximos e desconhecidos meses
em que a ausência de sombra nos seca o querer.

É uma enorme maldade esta dorida ferve
que arrasta o sentido para lá da necessidade
que perpassa pelas pontas secas dos dedos
num frenesim quase erótico de dependência
de colmatar com palavras à pressa o desenho
escrito em areia no pensamento.

Lentamente saem em forma por tempo breve
frases de amor em rodopio de dupla cumplicidade
alimentadas por resguardados e esquecidos medos
em perfeita dissonância com a tal sentida urgência
fazendo crescer algo que segue aguçando o desdenho
não conseguindo contudo esquecer o total esquecimento.
 
 
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