quinta-feira, 7 de junho de 2012

"HÁ EURO E FALTA DE EUROS"



Causa arrepios o vermos as horas de alienação que o campeonato da Europa causa no já alienado Povo Português.
As televisões e as rádios martelam o assunto com grandes períodos de tempo dado a grandes análises cientificas e todos os "expert´s " na matéria botam faladuras, certezas e prognósticos a propósito de tudo e de nada.
É certo que há opiniões competentes que criticam este circo despudorado, inestético, por demais mediático por demais saloio, falho de pragmatismo e pródigo em vaidades e paixões assolapadas e ridículas como todas as paixões assolapadas.

É assustador de ver que por estes tempos mais próximos, nada de mais importante vai existir para lá das  mais mirabolantes opiniões pagas a peso de ouro sobre uma coisa que comparada com a crise que atravessamos mais parece um devaneio de loucos e prozakianos.

Numa Europa em que se joga uma dura partida de  rugby, com cada País a puxar para o seu lado e o número de assistentes passivos por obrigados e expectantes de um futuro incerto a não parar de aumentar  cada vez mais tende a se generalizar  uma tensão de sentido e cariz negativo pouco prometedora de resultados a contento da maioria dos Povos.

Não pode um campeonato de bola por isso a meu ver, mascarar a gravidade dos tempos que passam e servir de escape prioritário às dificuldades que nos rodeiam.
Concordo que será bom para o ego Português ver a seleção Portuguesa jogar bem já que é essa a sua obrigação, ganhar se puder, (isso depende do adversário jogar ou não melhor) mas acima de tudo mostrar dignidade, força de vontade e como sempre se espera, pôr em campo a humildade que precede os "grandes" feitos, os grandes resultados e os grandes exemplos.

Não somos bons em humildade arriscaria até a dizer que somos os piores praticantes de humildade quase em todos os sectores da vida colectiva.

Portugal e os Portugueses tem vindo a perder ao longo dos anos a humildade que  era uma das características mais marcantes da nossa sociedade.

Com o acesso à liberdade e ao progresso depois de tantos anos de escuridão, a humildade foi-se esboroando e a sociedade tornou-se maioritariamente consumidora da futilidade,da facilidade,desprezando e esquecendo aqueles que no seu interior com trabalho dedicação e honestidade foram a génese para o status de que agora se exibem ainda que alicerçado em falsas premissas e dúbias certezas.

Voltando ao "Mundo redondo da bola" não é de aceitar nem entender, que tenhamos a seleção mais dispendiosa  no que respeita a gastos de alojamento mordomias e afins.
Como é possível num País à beira da bancarrota, (embora a isso habituado) mais de 500 vezes estivemos nesta situação, mas como é possível dizia que se gaste (com pouco mais ou menos o mesmo número de pessoas) o dobro do que é gasto por Países como a Holanda ou a Inglaterra.

O maior sinal de quem somos, de quem fomos e a razão porque precisamos do dinheiro dos outros, não poderia estar melhor representada,  neste pequeno  mas grande exemplo de futilidade,saloíce e falta de respeito para com o País quase inteiro.
Tudo isto é e representa uma enorme "bomba" que tenderá a rebentar consoante a bola entrar ou não entrar, coisa que é  (devia ser)  quase  irrelevante e inócua no estado psiquíco actual da nossa sociedade.

A ostentação perante a fragilidade dói  e gera sentimentos inesperados apesar de o assunto ser apenas uns simples jogos de bola.

A humildade não está para já presente no evento que se aproxima mas todos os crentes e não crentes esperam que tal  venha a acontecer pelo que fica até um dia destes a dúvida de: 
Se é razoável e compreenssível  tanto falatório e análise e horas dadas em detrimento de assuntos bem mais importantes (para o nosso e da Europa) futuro colectivo.

Sairemos (uma grande parte) transitoriamente do período depressivo em que nos encontramos se a campanha redonda for positiva é verdade, será um paliativo benéfico.
Em caso contrário ficaremos a necessitar (uma grande parte) de um reforço da medicação anti-depressiva.
A ver vamos. 





"RECADOS DO CÉU" VII



Este maldito mundo
                                    que tantas ilusões nos trás.
                                    Mas em pequenos momentos
                                    nossos sonhos nos desfaz.

Eu às vezes vou pensando
no que todos têm por certo.
Dá me então esta vontade
de fugir para um deserto.

Hó vida, mais a tua solidão
que me dás pouco a pouco
cabo do meu coração.





                                                                                                                Maria Rosa Pereira