Como é incerto o que nos amarra à pauta da vida.
Como é inconstante o sentido do sonho que temos.
Momentos de menino... alegria incalma e inquieta.
Sons de piano em sonatas pintadas de primavera
que não toca sempre o que na vontade nos espera.
Às horas sobram como abraços que distraídos perdemos
no sal das lembranças de dias mal lembrados.
Soltam - se as horas em espaços desarrumados.
Vejo as solas dos sapatos dele enquanto corria
a subir o asfalto ao encontro do dever que tinha.
Com a cabeça entre as grades do portão que me continha
da vontade de seguir o que o perdia.
Os sinais com um dedo disfarçado para uma sopa vazia.
Os ovos partidos sem precisar de na cabeça com eles levar.
As horas infindas na bomba...oásis de horta ressequida.
A bicicleta de peças inventadas... a jogada conseguida.
Como são inconstantes as visitas de sonhos encenados
saídos de vidas que plo tempo fazem parte de nós.
Peças de teatro ao acaso em espaços recordados.
O sonho é assim...o cenário e o espaço de estarmos sós.
Soltam-se os primeiros sinais de nova aurora
outro sol acorda para a vida que está lá fora.
Termina o sonho de adulto visitado por criança
nasce o chilrear... em ondas de mar... asas de esperança.