Não vou deixar que sejas poema.
Não te quero rimada
prefiro-te solta desarrumada
de cabelos ao vento
de olhos sossegados
altiva.
Horizonte de céu e luz
brilho teu inesperado
brisa de mar
descanso abraçado
em ti.
Vejo-te tela sem tema.
Te tornas assim mais desejada
meu destino minha chegada
viagem no tempo... momento
maré de mares navegados
em velas de diva.
Voo em ti... que mais me seduz
aterro depois sempre deslumbrado
por voltar a beijar
o poema adiado
que não inventado escrevi.
Solta-me dos teus cabelos
desprende-te dos meus braços
precisas de apanhar sol
fico com o caracol que deixas-te
no meu peito.
Vamos amor trocar selos
forrados de cartas e traços
ainda com cheiro a lençol
que comigo partilhas-te
quando era amor perfeito.
Bati na porta do vento
levado por ele
também
encontrei leve
uma aragem
dizendo ser sua Mâe.
Falámos de outros tempos
de outros ventos
d´além
poema que se não escreve
solto feito de imagem
da cor do mal e do bem.
Foi um prazer conhecer
a Máe verdadeira
do vento
só me restava
voltar
nas asas do pensamento.
Agora que está chover
já corre cheia a ribeira
do mau tempo
que sobrava
fico no vento a rimar
na vida por um momento.
Não vou saber... nem desentristecer
por um orgulho ou outra coisa qualquer
quando na intenção cuido.
Vou sentir as pedras da minha rua
o luar da minha lua se me quiser.
Não vou atrás do sol que me queima no descuido.
Desço a montanha em tropeções de inopinada descida
em nada se repara quando se está de subida
sem tempo no tempo... para parar ou desistir
menos ainda sobressaltos que impeçam de sorrir.
Despido de saudade um lento desfolhar de malmequer
num luar de desalento e seja o que deus quiser.