Amiga amada amante
porque não estás presente
agora que estou em cima
ficas porquê ausente
agora que o verso rima.
És mais um sebastião
sem nevoeiro
que não me chega
que não vislumbro inteiro
perdido de coração.
Amiga amada amante
fugida de felicidade
parece mesmo maldade
tão perto e tão distante
trocas voltas à saudade.
Ambos sobrámos
sobre este leito cansado de nós
sob esta lua descolorada
que nos aluarou
enquanto paixão
assolapada nos juntou fez-se mar
e amou.
Ainda lembrámos
os gestos e afagos
de dedos entrelaçados
gritos amordaçados
das voltas que a vida deu
sabendo nós que perdendo
até o luar se perdeu.
O teu respirar
está como o meu
o suor dos dois
antes e depois
já secou morreu.
As cortinas de rendas
cansadas
esvoaçam de brisas
que nos visitam
aluaradas também.
E o tempo desliza
de entrega
mesmo sabendo nós
das partidas que o tempo
prega.
Veste um qualquer lençol
de chama ardida
sem te olhar no vidro
atrás junto à lareira.
Vamos então de partida
até encontrar o sol
que sem querer se apagou
de eterna luz inteira
que perdida se esfumou.
Carrego no botão
da emoção
de modo a que
a escrita fale de amor
de fogo
de areia do mar e verão.
Sem parar
no verbo amar
nem passadeiras de rua
já que a pressa me sobra
de alma nua
que de tão viva me dobra.
Saem letras e palavras
versos que não esperavas
tão pouco eu.
Viviam na cor do breu
moravam na casa da lua.
Nítido arzinho de gente
ao carregar no botão.
brotam sem fim as palavras
de luares que a gente sente.