Surges-me do nada repentinamente
perco-me no olhar ferve-me o sangue.
Feito ilha em mar aberto sinto-me demente
falho de movimento e de força exangue.
Recupero o movimento mais tarde
e de atraso ser vitima sem me ver partiste.
Sinto agora que o coração tardio me arde
preso por duvidar se passando me viste.
A emoção sentida tarda em desaparecer
permanece teimosa por débil fio de memória
como se a vida teimasse em não te deixar ver.
Repetidamente surges-me de novo do nada
já acordado vislumbro agora célere vitória
exultante por ver nascer e mim a alvorada.
Sei de um poema
que trago no pensamento
guardado.
Não consigo e lamento
que ele me não chegue aos dedos.
Não passa para o papel
nem outro lado
sinto-o na pele
por vezes...
à flor da pele
como os medos.
Se o poema me leva
fico nele tolhido
sem reação qualquer
como que perdido
de razão que vai
presa no coração
que me dá o tema
para o poema
que me não sai.
Será que são segredos
que me prendem
as palavras
ou são palavras que quero
em segredo manter
pra que ninguém
as possa vir a ler.
Fico sentado na alma
que não sei onde está
e espero pelo tempo
sem mesmo saber
que tempo vou ter de
esperar.
Sei de um poema
que tenho em mim
me acompanha
não me parecendo
que tenha fim.
E em poesia molho o olhar
sem perceber o que estou a guardar.