Eu posso-te fazer feliz
ao acordares.
Se concordares em sorrir
se no torpor não me deixares cair.
Eu posso-te fazer o que quiseres
ao acordares.
Basta para isso acordada deixares
cuidar de ti descuidado sem reparares.
Eu posso-te como ninguém
ao acordares
dar-te alegria ou um espinho
perdido num molho de azevinho
posso-te sem esforço fazer ver a realidade
se desejares para ti a minha necessidade.
Fico parado em espera lenta da resposta
como só sabe ficar assim esperando quem gosta.
Eu posso-te pôr em cor primário
de branco e preto desfocada ou pura.
Serás sempre minha tela eu apenas tua moldura.
Eu posso-te ver mesmo que ao contrário.
não sendo deserto mas bela e tropical floresta
no tempo que desconhecido não sei que me resta.
Despi-te em ondas de espuma de ternura
como o mar tempestuoso despe o farol.
Nada nos separa nesta ventosa loucura
de calor que ousámos em usado alvo lençol.
De bocas coladas trocamos então sabores
em luta constante com a posição vertical
até suavemente em mim o rosto poisares
entre lágrimas de saber com sabor a agua e sal.
Recordámos abraçados o início da tempestade
dando-lhe o nome de um tornado de verão
rodopiando em nós pla primavera da idade
espalhando as roupas abandonadas no chão.
Estavas nua cintilante como distante estrela a luzir
num silencio de céu azul que imaginei ser o meu
planando nele sem rumo num mundo por descobrir
cujo fim o destino levou a desejado amor que nasceu.
Como um farol surgis-te altiva de luz que sonhei
abraçada de espuma deixo-te por acordar
deste inventado tornado em que tentado enlacei.
Levado por ondas de ternura e doçura de mel
em lento recuar volto às profundezas do mar
resta na aurora o poema em molhada folha de papel.