Cansei muita vez de esperar
por esperanças.
Envelheci nestas paragens
não esperadas.
Removi montanhas de cascalho
inerte e desabrido.
Sem caminhos vislumbrar
ou erros emendar.
Cansado de esperar me fico a pensar
numa vida plantada de lembranças.
Corre-me o sangue num rio de margens
invisíveis abandonadas.
Será que sou carta sem baralho
pedinte duma rua sem abrigo.
Não terei mais barco no mar
ou me falta cansaço ainda para dar.
Nem uma coisa nem outra
pode ser.
Já que se esperar é morrer.
Nem uma coisa nem outra
pode ser.
Já que estar vivo é sofrer.