O meu vizinho tem um quintal grandote, onde diariamente passa horas (ele e a mulher) a plantar ou a semear a regar e a tratar da saúde aos grandes frangos e galos quando não coelhos que criam numa capoeira minúscula mas "acolhedora"
(escusado será dizer que a saúde dos bichos de tão bem tratada depressa os leva para a arca congeladora que possui na garagem).
Tomates,curgettes,abobaras,figos,e até por vezes umas enormes metades de frango são algumas das ofertas com que de tempos a tempos nos regala tal o excesso de produção.
É simpático da parte dele e nota-se com facilidade que os tomates ou qualquer outro produto são de boa e diferente qualidade (para melhor), do que os produtos do vizinho do Pingo doce.
Um dia destes, estava a olhar para o quintal do meu vizinho (antigo operário industrial ao que sei) e lembrei-me que também o meu Pai tinha um quintal que tratava nas horas vagas e não vagas.
Fazendo por esparsas lembranças a analogia, logo me saltou à vista uma realidade que até então não me tinha ocorrido.O quintal do meu vizinho embora um pouco maior do que o do meu Pai é uma autentica SELVA!.
Passo a explicar:
Ele planta as coisas que acha dever plantar mas sem qualquer arrumação ou seja é couves pelo quintal perdidas é tomates pelo quintal achados e há por onde calha vasos com flores ao deus dará, as árvores de fruto por onde deu mais jeito crescem e a inevitável estrumeira mora junto ao portão da entrada.
Batatas não semeia talvez porque seja preciso cavar a terra mas para o feijão verde faz umas gaiolas que mais parecem um exercício de canas e paus a esmo que por milagre se conseguem controlar numa vertical mais ou menos duvidosa.
A rega é de mangueira mas aí nada a contestar, os poços não se compram fazem-se quando é possível.
O quintal do meu Pai, que era cuidado e ordenado com cada coisa no seu lugar.... Parecia um jardim.
As tardes de Domingo eram destinadas a tratar daquele trabalhoso e útil hobby quer fosse a plantar, semear, regar ou simplesmente reparar.
O poço a roldana a bomba e a Martine ! |
Ao lado havia o tanque que com a bomba se enchia mais ou menos numa hora "pedalando" bem.
Depois era um regalo ver a água encarreirada com destreza e perícia pela sachola que o meu Pai manejava para os canteiros certinhos e alinhados em duas ou três fileiras ao longo da área destinada.
Tudo batia certo e tudo era bem regado e toda a água tão lenta diria a entrar no tanque se esgotava mesmo de forma parcimoniosa em poucos minutos.
Lá se voltava a dar corda à bomba e aos braços por mais uma hora e assim se enchiam e vazavam quatro ou cinco tanques numa tarde.
É esse ponto, o aspecto... O que mais me chamou à atenção aquando do olhar descuidado que lancei sobre o quintal descuidado do meu vizinho.
Eu pouco fazia e pouco produzia nesta rotina agrária das tardes de Domingo.
De quando em quando dava à bomba mas sem a genica que os braços musculados do meu Pai imprimiam à rotação do engenho pelo que era afastado por falta de rendimento.
De quando em quando dava à bomba mas sem a genica que os braços musculados do meu Pai imprimiam à rotação do engenho pelo que era afastado por falta de rendimento.
Não imagino nos dias de hoje alguém usar o método então usado, era um esforço enorme ainda que saudável, exigia tempo e tempo hoje não há.
Não há tempo e não há hortas como aquela naquele local nos tempos que correm.
A bomba hoje chama-se Multibanco e a horta é de todos.
As galinhas da minha mãe eram contudo mais pequenas do que as do meu vizinho e mais tenras digo eu. Eram alimentadas com as couves e outros vegetais mas ou por raça ou por falta de tempo passavam pouco tempo na engorda.
Por falar em coelhos o meu vizinho deu-me à uns tempos um coelho que de tão grande que era durou congelado lá por casa mais tempo do que o tempo que viveu.
Nunca encheu um tanque de água !!!rrsrsr |
o quintal do meu vizinho |