Ao luar
reparo no teu olhar
irradias o brilho do Sol
vestida ou nua
não interessa
que chova a mais
na minha rua
que as poças de água
salpiquem de lama a alma
como chuva irregular
e que já nem sinto
me esteja a molhar de mágoa.
Fico do teu olhar suspenso
e preso
e do luar embalado e aceso
de actos perdidos
por portas de todas as cores
fechadas outras perdidas
de segredos proibidos.
Entre o desejo que me assola
e que não vejo
desapareço a espaços
espantado por ecos
que ouvindo me atrapalham o beijo
em andar trôpego de passado
negro "desluarado".
Ao luar
fico parado a andar
como se o presente
não seja desta minha rua e tua
sem perceber
que me movo
tu és ausente
envolta que estás nos pingos de sombras
que caem sem parar e eu ver
o ror de nuvens furtivas a chegar
para nelas me perder de novo
no fundo do teu olhar.