sábado, 11 de maio de 2013

"CARDIORAÇÃO"





Para o meu coração bater
basta o teu peito e o teu sorriso.
A memória do vale em tua coxa
o pingar de gota no meu beiral.
O roçar de leve da minha barba
na almofada partilhada alva e roxa.
O olhar caído no ritmo calmo do rio
no dia a dia de continuado caudal.

Para o meu coração não ficar frio
basta ter no meu peito o teu olhar
A sensação de sonhar acordado
de minha boca a teus lábios chegar.
Um brando lume mantido aceso  diário
um xá de água morna  limonado.
O teu abraço terno sincero e solidário
num gesto contido que tornas sempre banal.

















 

"PENSAMENTOS DE MAIO"

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Sem saber bem a razão, Maio vai continuar a ser no kácus o mês do pensamento.
Seria fácil e menos arriscado, neste contexto idealizado, transcrever o artigo do ultimo Maio.
 
Em 2012, já me referia quase que exclusivamente à situação lastimável para que a sociedade Portuguesa se encaminhava e os seus malefícios a curto prazo.
Tudo o previsto aconteceu e tudo o previsto se agravou ainda mais.
 
 O Maio de 2013, trouxe-nos a continuada degradação das condições de vida a todos os níveis da sociedade e a deterioração do emprego em todas as camadas populacionais, com predominância revoltante e injusta no emprego jovem.
 As andorinhas imigrantes voltaram aos beirais de todos os anos, agora mais degradados, mais abandonados, por ausência de muitas outras andorinhas que emigraram para outras paragens, não em busca de Sol, mas em busca de pão e vida própria.
 Tanto umas como outras, estão mais tristes, como mais triste está o Sol que aquece as primeiras e o Sol que ilumina as segundas.
 
As manifestações do 1º de Maio foram também elas um sinal da amorfidade em que está o País mergulhado. Um Povo cansado é um dos sinais mais inquietantes deste Maio de 2013.
 Nada de bom se augura no horizonte Nacional e  Europeu e nada obsta a que a esperança de milhões de seres humanos se esvaia sem sentido e sem rumo nos tempos mais próximos.
 
 Espalho por entre o Mundo o pessimismo que trago dentro do pouco espaço cinzento que resta, ao mesmo tempo que me aposso de todas as formas  possíveis  de pensar, tendo em vista manter a fé no futuro dos ramos da minha árvore criada.
 Não está fácil não pensar no mês de Maio nem nos outros meses parar de pensar. Maio o mês do pensamento continua ainda vivo, porque é também dia da Mãe e dos filhos e de paragem para recuperar o fôlego cada vez mais distante das memórias dos Maios de  papoilas vermelhas e flores amarelas, dos grilos, das espigas douradas e do voo andarilho das andorinhas alegres.
 
Maio! O intervalo de um filme já visto e gasto, que se repete ano após ano, com uma imagem cada vez mais degradada e degradante. Com menos espectadores e menos sessões, menos pipocas e menos risos ,sorrisos e gargalhadas.
 
Resta a esperança, se esperança ainda existe, de que o próximo mês de Maio no kácus não seja possível  de escrever como um simples copy & paste.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

quarta-feira, 8 de maio de 2013

"DEGRAUS"



 
 
 
 
 







Os degraus de pedra ou de corda ou de nada...
para cima ou para baixo... para dentro ou para fora...
fáceis ou difíceis escondidos ou não... fazem parte de nós.
 
A vida é feita de degraus infinitos uns que sobem outros que não...
mas que presentes estão nos caminhos que percorremos.
O amor e o ódio a alegria e a tristeza não passam sem eles.
 
Na juventude passam degraus despercebidos da gente 
mais tarde são  empecilhos os degraus que a idade sente.
O temor da distancia imaginada que logo se pressente.
 
Os degraus levam-nos ao amor  à memória ao desdém  
 e à glória  às portas da sorte e à beira da morte...
a cair desamparados se neles descuidados descemos.
 
Não podemos contudo passar sem evitar os degraus.
Não passam os dias e o tempo sem neles tropeçar-mos
quando descuidados os fazemos descendo... ou subindo o olhar.
 
Os degraus são fases da vida que queremos para cima
são parte de nós... quando nos sentimos  descer
mesmo que não queiramos parar... para ver.
 
O olhar no horizonte é perdido por um degrau
que o sol se deitando abandona indolente ao luar.
Num instante às vezes bom...num momento às vezes mau.