sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

"ESFREGAÇOS"














Coloco a lamina analisando o esfregaço.
regulo a lente mais potente do engenho
Duas três vezes com resultados iguais
analiso anotando amor e céu recorrentes
na lamina revejo loucuras perdidas
madrugadas vazias de sonhos que tenho.
Ficas perdida esquecida de mim que sou teu
em auroras violadas que rasgam entranhas
pensando eu que de mim tanto estranhas.
Foste loucura de abraços em perdidos medos
fonte envenenada de água tímida de segredos
em fundo de mar que não consegui recriar.
Alguém melhor cuidará o lugar que mereces
vista de outro ângulo terás um outro olhar
do bem que sem querer fiz e não reconheces.
Um dia o passo não dado será lembrado
esquecido na lamina entre outros sinais
por olhos diferentes sonhos irreais.
Não interessa mais pesquisar o embaraço
em novo momento serás então vida
serei eu depois esfregaço.


 
 
 





quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

"REFLEXOS"
















Vejo-te como lua deitada adormecida
sob um sol quente de inverno
solta de posição sobre um tapete vermelho
enfeitado de pontas gastas nos anos.
Abraça-me o olhar a lua que sem querer parece
que brilha como sol de saída avermelhado
teimando desaparecer por se já fechar o dia.

Vejo-te como a lua assim parecida
quando me abraças o inferno
refletido no embaciado espelho
pendurado e gasto de desiguais enganos.
Fico quedo depois até que o corpo aquece
ardendo no amor a teu lado imaginado
banhado em palavras que estando te diria.



 

terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

"BOLINANDO O PENSAR"














Entre a tempestade trazida
por ventos inesperados
navego agora com terra à vista.
Aguardo por tempos de acalmia distantes
traçando rotas em meus olhares viajantes.
Tempos hão de chegar de forma suave
suavemente descansando-me
neste antigo casco veleiro que
com bom tempo bolinando-me
me solta no mar sob um céu inteiro.
As viagens e a vida são espaços
de rotas e derrotas em constante bolinar
do pensar.  
 
Se o ser é uma noção pressentida
de que antes não fomos lembrados
é também futuro que tardando não dista. 
O rumo e o mar abraçam-se por instantes
às vidas entrelaçadas sempre constantes
para que amor tão maltratado se salve
em gesto incontido chegue abraçando-me
nesta viagem de lembrança que
me acolhe na onda ondular deixando-me
como se carranca fosse de antigo veleiro
seguro em teus desejados braços
e a teu porto conseguir por fim chegar.