Vejo por entre a névoa acalorada
os azuis do mar de praia esverdeado
e o céu espoliado de algodão e de nada.
Poças de água sossegada entre rochas polidas
enfeitadas de surpresas e limos multicolores
agitadas por pezinhos iguais baldes e pás coloridas.
Vejo algazarras açucaradas de borlas de Berlim
que rolam de boca em boca debicadas com areia
e cremes brancos e amarelos e cabelo esvoaçado.
Um peixe distraído que se deixa pescar à mão
um pescador de palmo e meio deslumbrado
mais o som do vai vem de raquetes mil jogadas sem fim.
Vejo ondas que se levantam bocejando preguiçosas
batatas fritas de sal e mar que tardam em chegar.
Livros que vão a banhos por um dia ou minutos
depois de um ano de saco como joias preciosas.
Uma visita de um peixe aranha decerto agastado
propaga pelo ar gritos com lágrimas de dor salgadas.
Vejo o Sol na vertical e as idas em massa cansadas
de chinelos ardentes desencontrados no dedo
os gritos das costas queimadas pelo banco de trás.
O peixe grelhado ou queimado a salada feita mais cedo
as gargantas ressequidas saciadas e a talhada de melão.
O sono que chega por fim a todos de mansinho...Ou não !