O teu amor preenche-me prenho de simplicidade
ficando eu sem espaço para o meu te perorar
a conhecer que já no sonho pensei de verdade.
Uma constante maresia carrego trazida do meu mar
que ocupa mais que parece a alma deixar de sobrar
nas lombadas escritas de ouro fino daquele de recordar.
Desarrumados das vidas que não seja de nos perdermos
por sinuosos e soltos sorrisos de lágrimas tão molhados
que escoem nos beirais das memórias dos dias passados.
Condenados estamos a não esquecer o acto de vivermos
se a insanidade em veneno nos toma e em nós persiste
se fraquejando o esforço de tanto querer ser feliz se desiste.
Como tela sem cor nem paleta tudo sai em tola pressa
como se suspiros de repuxos e pensares desalinhados
tratassem dessa dor que só meu eu inteiro tamanho a meça.
O teu amor perde-se no meu e a vida no horizonte
do tempo que sobra ao corpo fustigado que pressinto
de chuva e vento e dança como rio tão virgem de ponte.