Vivo por vezes da tua silhueta
que conservo já esbatida é certo
nas profundezas da memória
mais recatada mas sempre acesa.
Parece por vezes estares por perto
como se o livro tratasse história
perdida inglória falha de certeza.
Estranhas formas assim ganhas
ao meu olhar fechado que pratico
nas profundezas do meu eterno annata
que vive ele também fixo na silhueta
indefinida de forma precisa e presa
que curando presumo sei que mata.
Ao luar reparo no teu olhar.
brilhante como está a lua
caminho por poças de água
nesta sem fim vida de tanta rua
salpicada de chuva sempre irregular
que não sei sequer se chega a molhar.
As portas permanecem fechadas
tecendo um vazio de rendas e
janelas que choram desalinhadas
por desejos que me assolam
se "desluarado" deles permaneço
em luares de memória que repasso.
Ao luar volta-se o andar como se o
presente fosse agitado horizonte de
mar e rumos ponteado de velas
sôfregas de vento que partiu
deixando que perdido no teu luar
me perca no fundo do teu olhar.