sábado, 15 de dezembro de 2012

"O PRESÉPIO"




Este Natal é um dos natais mais duradouro em dias de tempo parado.
É o Natal dos sorteios... De tudo e de nada.
Neste Natal tudo é sorteado.
As pessoas são sorteadas para o desemprego, para o emprego e para a desgraça até agora desconhecida de outros natais.
 
Anda o País a ser sorteado diariamente pelos outros, sorteiam-se as medidas que levam ao desespero milhares de Portugueses que sem direito a sorteio se veem perante uma lotaria de resultado incerto.
 
Sorteiam-se os corruptos e compradores de benefícios, a fome e a partilha sem olhar a meios.
 
Sai em sorte o Juiz que vai sortear a pena daqueles que pena não têm, acabando assim a justiça por ser um banal assunto de falta de sorte para os que não forem sorteados.
 
A politica deixou de ser correta, é uma questão de sorte... De sorteio são as medidas que ela gera.
Os sorteados, para o bem são sempre os mesmos, para o mal os mesmos de sempre.
 
Tornámo-nos todos bolinhas a rodar na roda da sorte e a cair sem nexo ou norte num pote vazio porque... Roubado.
 
Sorteiam-se em sorteios escondidos valores, negócios e lugares à mesa, greves e manifestações miséria e negações que afetam  a vida mais de uns e menos de outros. 

Passeiam-se num sorteio aleatório, por isso incompreensível,  figuras que mandam outras que querem mandar e as que por omissão mandam pouco ou nada.
Foram todos esses resultado de um sorteio mascarado  na roleta que só a cegueira propícia.
 
De sorteio em sorteio definha o País e as pessoas já definhadas acabam... Sem sorteio que lhes valha.
 
Neste Natal, fica claro, que estamos no Natal mais triste e mais pobre de sempre.
Está um Povo sorteado pela má sorte a que sorteios sucessivos e incompetentes o levaram.
Tivemos um pouco de azar nos sorteios a que nos habilita- mos é verdade.
 

De sorteio em sorteio, salve-se o bacalhau sorteado na rede e  rode a vida por todos os que sem sorteio amamos e esperamos como a lei espera o papel que lhe dá rosto.
 
Por falar nisso ....Bem vindo Manel ao sorteio da vida. 
  



 

"DO NATAL"




Chove a passadas largas pela rua inteira
e tudo se alaga entre luzinhas tricolores...
As pessoas passam apressadas de olhar caído
com sapatos molhados e pés frios ao ritmo das Christmas songs
de todos os anos.
As notícias dizem que o Mundo afinal não acaba já
como prometido...

As montras enfeitadas de nada ficam-se pelo azevinho
e com  bolas dos Natais
de todos os anos.
Morrem crianças de tiros e morrem crianças de fome
chovem saudades de fora, saem saudades de dentro...

O frio perdura mascarando de ternura os rostos cansados
que olham sem ver nem poder fazer, os gestos normais
de todos os anos.
Procura-se a vida que possa existir num corpo falido
chamado País que se já não vê...

Esgota-se o rio e perde-se do leito sem nó e sem teia
sem rumo, perdido, ferido de morte e folhas incolores...
Há no ar e nos rostos, uma candura seca e indefenida
que não fáz bem nem se vê trazer mal.

Sabemos que a ternura, pelo menos existe...
mesmo escondida, mesmo perdida, mesmo molhada.
Acaba por ser normal nesta altura do ano
deixar tudo e saír a  inventar do nada.

É tempo de recordações de amores e de desejos
assim tudo fica... Menos mal.
É de todos os anos
É Natal.