Chove a passadas largas pela rua inteira
e tudo se alaga entre luzinhas tricolores...
As pessoas passam apressadas de olhar caído
com sapatos molhados e pés frios ao ritmo das Christmas songs
de todos os anos.
As notícias dizem que o Mundo afinal não acaba já
como prometido...
As montras enfeitadas de nada ficam-se pelo azevinho
e com bolas dos Natais
de todos os anos.
Morrem crianças de tiros e morrem crianças de fome
chovem saudades de fora, saem saudades de dentro...
O frio perdura mascarando de ternura os rostos cansados
que olham sem ver nem poder fazer, os gestos normais
de todos os anos.
Procura-se a vida que possa existir num corpo falido
chamado País que se já não vê...
Esgota-se o rio e perde-se do leito sem nó e sem teia
sem rumo, perdido, ferido de morte e folhas incolores...
Há no ar e nos rostos, uma candura seca e indefenida
que não fáz bem nem se vê trazer mal.
Sabemos que a ternura, pelo menos existe...
mesmo escondida, mesmo perdida, mesmo molhada.
Acaba por ser normal nesta altura do ano
deixar tudo e saír a inventar do nada.
É tempo de recordações de amores e de desejos
assim tudo fica... Menos mal.
É de todos os anos
É Natal.
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