Volto entremeado de azedo a acordar
de um sono confuso e tresmalhado
como numa caravela andasse
em mar ferozmente encapelado.
Não reparei por um momento sequer se estava
só ou acompanhado.
Não senti ou vislumbrei o doce odor
da presença da minha esquecida companheira.
Tenho duas.
Uma que me ama... outra que me devora
e desgraçadamente me prende
dias e noites a fora... a que chamo bebedeira.
Levanto-me com o costumado amargo de boca
com meia roupa vestida da véspera
a que apressadamente junto o que falta
em dois solavancos entre a porta e a parede.
Sorrio num esgar amargo como um insulto
para o vulto enrolado no outro lado do leito.
Dói-me tudo ...o peito esta vida meio louca
a cabeça e o resto que já nem sinto.
Tenho de sair rapidamente deste tonel
de água pouca... transformando o outrora quarto
vivido sóbrio feliz de amor e doce igual a mel.
Tenho de procurar outro ar... e parto.
Sinto-me tremer só de pensar que tenho de me arrastar
até ao próximo alvor de consciência que deixei no balcão
a noite passada.
As noites todas anteriores de perdição.
Lá chegado amarro as mãos que tremem por mim
descanso a tremura constante em fim.
Num copo renovado que me renova a loucura
Fico num instante...mais firme pobre e distante.