Escorre a vida atrapalhada
com tudo às vezes sem nada
como se o tudo fosse inventado.
Escorrem os dias como contas
de um imenso terço gasto de rezas
em remendos lascados ao acaso no tempo.
Escorre a angústia do dia seguinte
as folhas perdem-se nos caminhos e pressas
por não se saber se há dia seguinte.
Escorre a chuva embalada no vento.
Escorrem apressados os desejos
nos abraços esquecidos de dar
escorrem secos os rios sem pausas para pensar
no brilho que nos acorre escorrendo do olhar
ao sentir o passado como se fosse presente.
Escorrem os dias como contas
de um imenso terço gasto de rezas
imersas em cores que fazemos por inventar
no tempo intenso difícil que nos escorre
nos dedos anelados de lembranças.
Escorre o amor que sobra preocupado
como se corresse no tempo parado
na espera de melhores dias em soluções.
As memórias escorrem-nos aos tropeções
por palavras já escorridas de tanto sentir
escorrido sem sentido.