P´ra onde vais velho País
de gente boa formado
de norte a sul debruado
em praias e mar azul de verniz
castelos salpicados de memória
por tantos anos de história.
P´ra onde vais velho país
em risco de rachar partir
por gente anafada que mente
desde que nasce e pra sempre
sem pouco mostrar ou sentir
aquilo que o Povo sente.
P´ra onde vais velho País
extirpado que estás de certezas
arrancadas sem dó p´la raiz.
Pra onde vais velho País
carregado que estás de incertezas
que a gente não quer nem quis.
A passagem do tempo tende a provocar desalento
como de alergia se tratasse crescente e constante.
As frivolidades exacerbadas dos dias, trazidas no vento.
tratam mal a memória deixando-a madrasta da realidade presente
pois que ignorando todos, tudo se torna mais ignorado.
Ardemos na fogueira dos dias incompletos sempre diferentes
e nesse arder às cegas resta inerte o pensar desalentado
já que o nada persiste continuar se como gémeo passado.
De nada vale o poder vazio se habita na consciência.
De nada vale o pensar que troça da condição de humano.
De nada vale a conduta apregoada esvaziada de experiência.
Salta na minha prancha
vamos fazer diferente
dentro do mar longe da gente
na crista das ondas vadias
que vivem no oceano
feitas de espuma sem mancha.
em deslumbrante viagem.
Entre abraços e beijos
partilharemos a meias
a horas tardias desejos
em casas inventadas de sereias
nos repuxos das baleias
ou nos saltos dos golfinhos
pelas esteiras das traineiras
salpicadas de gaivotas
em voos picados às voltas.
Vamos soltos na viagem
sem contar horas e dias
neste veleiro sem panos
cama e casa casca de noz
disfarçados na paisagem
por sentimentos nossos e sós.
seremos perto e constantes
como águas rasas do fundo
disfarçados de horizonte os dois
em fundo de luzes brilhantes
que recordaremos depois.
Na crista do sonho do mundo....