sábado, 7 de março de 2015

"O MAR E NÓS"














Olhos no mar nós os dois
contamos as ondas
iguais.
Só as iguais
como nós.
Tarefa impossível
não há beijos demais
nem iguais.
Apenas o sal
do mar
tem parecença nas ondas.

Quando sós
descobrimos sombras
nos olhamos apenas
abraçados ao desespero
que chega do rumor da maré
que se escoa desigual
das rochas pequenas.
Beijados pela maresia
secamos o nosso sal
que nesta hora o sol cansado
é já parco para nós tempero.

O mar e nós os dois
em movimento
constante
desigual
frenético
atabalhoado de pressa.
Trocamos os olhares
meigos dedicados
escondendo-os  
e rindo num breve instante
nas asas de uma gaivota.

Passam assim desiguais
momentos de infinita volta 
como se de choque elétrico 
que nos atravessou tratasse
sem que nada o impedisse
nesta nossa perdição de olhar.
Jogámos aos carinhos incertos
rebuscados mais e mais ousados
como jogos de cartas inventados
cujo joker é lançado no fim ao mar
procurando novos acertos.

A maré por fim desistiu
de nós.
Ficámos secos de amar
e o sol 
foi-se de novo deitar.
Assim renovados de esperança
escolhemos o futuro
de regresso à saída
de que o mar fugiu.
Está brilhante o fim do mar
que a nossa vista alcança.