Mantenho a proa virada a Norte
e o radar ligado em constante rotação
para evitar surpresas...não vá o destino à garra.
Sei da tempestade que se adivinha
e das fracas hipóteses da barca resistir
à corrente que se vai tornando mais forte.
Nem sei se pressinto o bater do coração
se o cacho que se acolhe à parra vai cair
feito esperança de branco tinto e vinha.
Não vislumbro na rota destino calmo à vista
somente oiço um rumor que me fala de pouca sorte.
A vida está-se a cobrir de nuvens desordenadas
cinzentas brancas e pretas sempre apressadas.
As galinholas esvoaçam doidas ao meu redor
em algazarra permanente elas também confusas perdidas
na procura da melhores ventos e ondas... sossegadas.
Os pontos tirados ao fundear ficam difusos vádios
mudam sem licença pedir e... perdido perco o pormenor.
Se levanto ferro posso na tempestade perder-me em desvarios
soçobrar enredado por ventos cruzados e mal pensados
numa rota em que já conto sem querer o final dos dias
que separam a sortida deste imenso mar de vida e águas passadas.
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