(Criança à procura do mundo)
Alepo 2016
Passou sem bombas a rua inteira iluminada
do olhar das crianças tão ricas sem nada.
As pessoas correm menos apressadas do que as balas
em sapatos que encontram já separados dos donos.
As notícias falam que a paz chegou e o mundo
quase perdido não acabou como prometido.
As montras vazias enfeitadas de lembranças
lembram bolas coloridas entre memórias de
esperanças de meninos sem tiros e sem fome.
Entram saudades de fora saem saudades de quem
tão cansado já nem sabe como se dorme.
Esgotaram-se vidas como rios perdidos de leito
que crescem sem rumo como de mal possuídos
de desgraças próprias sem rostos definidos.
Sabemos pelo luar das estrelas
que a ternura em muitos de todos existe
mesmo escondida por tão castigada persiste.
Tudo se reinventa depois a partir do nada
tornando-se a vida e o tempo assim menos mal
neste bem sempre com data marcada
a que chamamos Natal.
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