Passas o pregão pela hora do meio dia.
direita garbosa risonha e passos lestos
carrinho silencioso rodas almofadadas
numa dança que me para e tu avanças.
De avental garrido e lenço do norte à cabeça
espalhas pela rua vaidosa o cheiro do mar
entre escamas de conversas curtas pescadas
à esquina da rua que está a acordar
e passa a correr-te pela manhã de venda
lavando-te o rosto das marcas das olheiras
que as redes largadas cedo deixam no rosto.
Embalas agora a safra que o amor foi bom a dar
e a menina aconchegada pelo xaile da faina
quer mamar de ti mesmo com sabor a mar.
Rumas por fim à cama para amanhar o dia
pescar o amor dos beijos que a vida deixe
até que a madruga madrugue de novo o peixe.
Feita de areia e sal a noite sabe à leveza
de mais uma madrugada na incerteza
se mais pescado haverá tão fresco no carrinho.
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