Nada inspira que valha a pena
ou transmita aos dedos novas rimas.
A folha de papel torna-se mais branca
deserta de espaço livre pequena.
Tudo corre livremente por vidas e cismas
como uma desconfiada zona franca.
O mundo roda já ao contrário
na fácil maneira do uso do fútil.
Como rio seco sem margem
em tela pintada só de primário.
Deixa-se assim a ideia pensada inútil
sem espaço para inventar a paisagem.
E na degradação dos valores
floresce o lixo permanente
secando as antes presentes flores.
Nada inspira que valha a pena
a não ser a soma do abandonado amor
para vencer tamanha e persistente dor.
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