Pus a solidão em leilão.
Vendi o coração pela melhor oferta
conseguida.
Repeti o gesto e leiloei a alma
como uma porta aberta
ao destino e à vida.
Leiloei mas não me importou
o nome dos compradores interessados
nos passos dos meus passados.
Leiloei amores de horas perdidas
por frases mal percebidas
e beijos de espuma efémera.
De leilão em leilão perdi o que era
e o que o destino levou.
Vendi o amor sem dar por isso
perdi-lhe o rasto... e assim despido
fiquei mais solto tisnado e submisso.
Pus o querer recatado do ser e do diz
para trás caminhos de causas perdidas
em leilão.
Em confusão deixei de ficar escondido.
Perdi... ganhei a emoção do saber e do sei.
Leiloei a moldura por um quadro inacabado
com a paleta descoberta e confusa que fiquei
das cores que ninguém mais quis.
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