Tenho-te no pensamento todo inteiro
todavia não me chegas aos dedos
como gostava e queria deitar-te
no branco do papel que me olha.
Vives-me nos poros difusos da pele
deixando-me inerte sem reação aparente
nesta corrente que me nasce de repente
perdida de leito que é rio feito de gente.
Revolvo-te as entranhas horas e dias
às vezes semanas até te tornar tema
dos segredos que me amarram às palavras
que quero soltar de mim no ar e largar.
Ficas-me na alma que não sei onde pára
sem saber eu o tempo que vou esperar
prenho por não quereres sair de mim.
Vai-me parecendo prolixo o desejado fim
que breve seria a escrita de tanto pensar
pronto que estou mesmo sem perceber
se te quero mesmo escrever
ou te para sempre guardar
dentro dos restos de mim
pertinho do coração
imperfeito de solidão.
Sem comentários:
Enviar um comentário