Os contornos saídos da luz mortiça
do candeeiro a petróleo
deixam teu corpo desnudo com um tom
amarelecido difícil de não reparar.
Beijo-te pouco a pouco num procurar louco
que me arrasa enternece e enfeitiça.
O teu abraço alongado sufoca-me de emoção.
Tenho medo do fogo que pode acontecer
se a luz amarela abanada cai no chão.
Procuro diligente solução para o fogo que és
e me faz incontrolado de desejo arder.
Sinto que chove à janela presa por velho trinco.
Afasto-me do chicote em que te tornaste e brinco
prendendo-te contra o meu peito surpreso e ardente
que arfa perdido descompassado de incontrolada loucura.
Penetro mais fundo tua alma recôndita e quente
com gosto de amêndoa doce banhada em óleo
e sugo-te o amor que desprendes em vagas de ternura.
Sofregamente os sentidos desvariam de ambos os lados
e aturam-se como dois endiabrados diabos
entre ondas de calor e tempestades boreais.
Tens os peitos perfeitos agora libertos descuidados
os lábios mais doces que em momentos senti
em espasmos perdidos de prazer incontidos irreais.
Parece ter parado sem nós a chuva que caiu
o candeeiro acaba por se deixar morrer de míngua.
Sinto uma brisa suave que trespassa a cortina sem cor
enquanto te seguro esquecido na minha língua.
Pintada estás agora de um pudor vermelho flor
murcha cansada que sorrindo adormecendo dormiu.
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