Em branco fica a folha se nada nos merece.
Em branco fica a noite se o olhar não adormece.
Em branco fica o dia se nada acontece.
Em branco fica a face se a vida nos estremece.
Tudo acontece mas de modo e forma inopinada
No senso alongado dos dias que não sabem a nada.
Das noites que o sonho relembra a obra inacabada.
Da corda do destino que sem saber é quebrada.
Roda a vida e os ponteiros todos das horas.
Salta-se o caminho dos atrasos de tantas demoras.
Sorris às vezes mesmo quando pela calada choras.
No branco caiado dos lençóis onde a custo moras.
Em branco fica o banco cansado do lado vazio.
Mesmo que corra cheio ferido e desvairado o rio.
Cai a neve branca como a folha escrita pelo frio.
E do meio do nada que me envolve invento e sorrio.
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