quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

"FROM OVARKINSKY"


Este Natal foi uma "BOA" rabanada cheia de perípécias e factos pouco comuns.

Saída e viagem apressada e molhada  uma cadela doente e um cansaço latente ao encontro de todos que no coração mais apertado cabem.
A chegada e a confusão (minha)  com um desconhecido... conhecido (que sem querer deu imenso jeito) colocando em su  sítio  alguns desarranjos intestinais inúteis.
A surpresa do encontro mais inesperado (hás-de pagá-las) e a constatação de ter uns filhos maravilhosos e solidários.

Uma mesa alegre e bem disposta com dois amigos suspeitos (como um polvo e bacalhau à mistura) que resultou inesperadamente numa inusitada e gostosa ceia de Natal com todos.
A alegria das  sobrinhas e Netos e pasme-se um momento cultural  sob a forma de poesia,  que em breve, se tornou  um  impecilho  à pressa instalada    nos   novos  e  graúdos  para rasgar os embrulhinhos tão esmeradamente conseguidos... Foi um bom e marcante momento da noite.

A sorte das prendas foi o mais confusa possível, (mais até do que o normal) de tal forma que todos abriram e viram mal, saltaram de mão em mão as enganadas e as esquecidas e as com falta de destinatário numa lotaria que girou vertiginosa pela sala sob o olhar de uma anfitriã calma (como sempre) organizada (como sempre) ainda que  quase de partida para dar à prol e ao Ano Novo mais um membro desta vez Manel (que aparentemente se portou lindamente já atento ao que o espera  nos próximos anos.

Foi um convívio e uma noite escorreita ponteada de flash´s que irão recordar mais uma fase das nossas vidas em comum.
Todos mais velhos e todos melhores.
Não notamos nós próprios que estamos mais velhos...Reparamos nos outros, mas curiosamente nem isso notei.
Todos estavam de acordo com a visão que a memória  me guardava.
Alguns com um  menos brilhozinho nos olhos, mas que diabo, isso era do  atrativo vapor  que da mesa evoluía perdido e da falta de maquilhagem e fusos horários passados.

Doces e coscurões e histórias, dichotes, e comentários bem dispostos saltaram de mão em mão e de  boca em boca  numa excitação saudavel, tornando-se uma constante da noite intrecortada aqui e ali com disparos de armas diabólicas e olhadelas brilhantes aos novos presentes e às  lembranças do passado.
A crise passou de lado, de tão velha, já nem a notamos e as preocupações ficaram arrumadas no disco externo por uma noite.
Foi bonita esta noite de Natal porque foi simples e com poucas gorduras.

O dia de Natal acordou tarde e não fora a doença a rondar os quatro patas da familia  tudo estaria perfeito.
As crianças com os seus desejos do Pai Natal mais ou menos satísfeitos, apareceram com uma ressaca sorridente e continuaram a voar pelos sonhos da noite prolongada.

Almoço de Natal na eterna "cantina" mesa requintada a que a D.Fernada e o "simplesmemte" TÓ  dão vida de uma maneira só deles, que todos reconhecemos como só deles, foi a continuação perfeita ao que vinha de trás.
Um borrego do outro mundo e até a novidade de um arroz de grão divinal (para quem de grão gosta) tornaram o perfeito mais que perfeito.

Foi uma curta metragem, porque nestas ocasiões, curto é o tempo para estar com quem gostamos de estar.
A saída ou a partida para mais um interregno nestas vidas lá acontece de novo, mas aconchegada com o sentimento de que somos (embora  ainda uma pequena) uma familia coesa e amiga.
A esperança de uns  futuros "upgrades" (o Manel é o primeiro da nova vaga) serão bem vindos e enriquecedores do futuro...Esperemos por isso.

Voltamo-nos agora para receber um ano mais duro que se agiganta e para a certeza de que os tempos vão continuar para todos a ser excitantes, duros e a exigir muitos trabalhos e olhares atentos.
Se sobram dificuldades, sobram também boas vontades e laços de amizade e amor, mesmo que separados por Continentes da Ásia às Americas quem sabe se às Africas em breve...
 A vida não pára e nós viajamos também com quem nos é querido numa viagem infinita de saudades, cuidados e desejos.

Passando a coisas mais comuns (já que a cota de pesca do bacalhau aumentou (do Polvo não sei ) para o novo Natal que se vislumbra, voltaremos a encontrarmos-nos na mesma ou noutras mesas,  com um pouco da lembrança deste Natal quase quase perfeito de 2012.

Uma melhoria acentuada da "Lua" (esperemos) e do "Beethoven"  para  tudo acabar em bem com um "Gin tónico" a servir de anjo da guarda para melhores dias.

Um grande Ano de 2013 para todos e não envelheçam se puderem.
From:
OVARKINSKY 26/12/012





 

sábado, 15 de dezembro de 2012

"O PRESÉPIO"




Este Natal é um dos natais mais duradouro em dias de tempo parado.
É o Natal dos sorteios... De tudo e de nada.
Neste Natal tudo é sorteado.
As pessoas são sorteadas para o desemprego, para o emprego e para a desgraça até agora desconhecida de outros natais.
 
Anda o País a ser sorteado diariamente pelos outros, sorteiam-se as medidas que levam ao desespero milhares de Portugueses que sem direito a sorteio se veem perante uma lotaria de resultado incerto.
 
Sorteiam-se os corruptos e compradores de benefícios, a fome e a partilha sem olhar a meios.
 
Sai em sorte o Juiz que vai sortear a pena daqueles que pena não têm, acabando assim a justiça por ser um banal assunto de falta de sorte para os que não forem sorteados.
 
A politica deixou de ser correta, é uma questão de sorte... De sorteio são as medidas que ela gera.
Os sorteados, para o bem são sempre os mesmos, para o mal os mesmos de sempre.
 
Tornámo-nos todos bolinhas a rodar na roda da sorte e a cair sem nexo ou norte num pote vazio porque... Roubado.
 
Sorteiam-se em sorteios escondidos valores, negócios e lugares à mesa, greves e manifestações miséria e negações que afetam  a vida mais de uns e menos de outros. 

Passeiam-se num sorteio aleatório, por isso incompreensível,  figuras que mandam outras que querem mandar e as que por omissão mandam pouco ou nada.
Foram todos esses resultado de um sorteio mascarado  na roleta que só a cegueira propícia.
 
De sorteio em sorteio definha o País e as pessoas já definhadas acabam... Sem sorteio que lhes valha.
 
Neste Natal, fica claro, que estamos no Natal mais triste e mais pobre de sempre.
Está um Povo sorteado pela má sorte a que sorteios sucessivos e incompetentes o levaram.
Tivemos um pouco de azar nos sorteios a que nos habilita- mos é verdade.
 

De sorteio em sorteio, salve-se o bacalhau sorteado na rede e  rode a vida por todos os que sem sorteio amamos e esperamos como a lei espera o papel que lhe dá rosto.
 
Por falar nisso ....Bem vindo Manel ao sorteio da vida. 
  



 

"DO NATAL"




Chove a passadas largas pela rua inteira
e tudo se alaga entre luzinhas tricolores...
As pessoas passam apressadas de olhar caído
com sapatos molhados e pés frios ao ritmo das Christmas songs
de todos os anos.
As notícias dizem que o Mundo afinal não acaba já
como prometido...

As montras enfeitadas de nada ficam-se pelo azevinho
e com  bolas dos Natais
de todos os anos.
Morrem crianças de tiros e morrem crianças de fome
chovem saudades de fora, saem saudades de dentro...

O frio perdura mascarando de ternura os rostos cansados
que olham sem ver nem poder fazer, os gestos normais
de todos os anos.
Procura-se a vida que possa existir num corpo falido
chamado País que se já não vê...

Esgota-se o rio e perde-se do leito sem nó e sem teia
sem rumo, perdido, ferido de morte e folhas incolores...
Há no ar e nos rostos, uma candura seca e indefenida
que não fáz bem nem se vê trazer mal.

Sabemos que a ternura, pelo menos existe...
mesmo escondida, mesmo perdida, mesmo molhada.
Acaba por ser normal nesta altura do ano
deixar tudo e saír a  inventar do nada.

É tempo de recordações de amores e de desejos
assim tudo fica... Menos mal.
É de todos os anos
É Natal.

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

"ALEMBRANÇAS 8"


Está por estes dias a decorrer a Feira Internacional do livro de Guadalajara.
 
Ouvi (para lá do Mariachi que consagra esta cidade típica do México) ouvi dizia,  falar desta cidade do interior do México, quando estive em Acapulco.
Se diferenças há entre Acapulco e Guadalajara, a geografia e a cultura servem de base a esta minha alembrança.
 
Guadalajara, uma cidade situada a cerca de  mil e quinhentos mts de altura,  é um centro de cultura e arte  de excelência com várias Universidades e Institutos assim como dezenas de Museus sendo  um deles  Património Mundial da Humanidade (Hospício de Cabanas).
 
Guadalajara  é terra  de escritores e poetas,  pintores  e  outros representantes das artes mundialmente conhecidos.
 
Acapulco junto ao Pacífico  situa-se ao nível do mar e é uma cidade de veraneio  e desportos náuticos, de Luxuosos Hotéis e discotecas, de eternos restaurantes e pequenos refúgios de musica Mexicana antiga e inesquecível.
 
Devido às suas praias  e atracções direccionadas para o lazer e bem estar, Acapulco é um centro de convergência de Mexicanos do interior  que procuram  emprego na área dos serviços e turismo.
Foi precisamente  nessa área (numa discoteca)  que conheci um Mexicano de Guadalajara (Joaquim) que detestava Acapulco «Tierra de maricons» e se lembrava muito bem da Amália e do Eusébio.
 
Quase todas as noites o via, e ouvia os desabafos corridos de saudade da sua Guadalajara   e os repetidos elogios a Portugal Portugueses  marujos etc etc ...e ao Fado.
 
Era a primeira vez que o ouvia referir-se ao Fado.
Perguntei-lhe se gostava de Fado e respondeu-me  com um sim convicto. Quanto ao porque gostava de Fado a resposta foi mais escorreita embora para mim não muito explícita.
 
- É igual !
   - disse ele enquanto atendia meia dúzia de clientes no bar.
-  Fado és igual ao Bolero e em Guadalajara si canta e dança muito o bolero.
 
Numa destas noites na Feira Internacional de Guadalajara foi homenageado um dos grandes cantores de Bolero, Chileno (não sei o nome). O Chile é  País com estatuto de homenageado este ano e um País de tradições no Bolero.
 
  -Porque é o Fado parecido com o bolero ?  Perguntei a um Joaquim sempre atarefado.
 
-És la letra !
  -Respondeu falando alto.
-Son siempre hestórias de amore e traiciones e muertes e mujeres e hombres e cabrones e....." - não tenho mais Espanhol que interesse para agora. 
 
Bolero e Fado, canções de faca e alguidar de histórias  da vida verdadeira e de outras vidas  inventadas para não serem tão verdadeiras.

Canções tradicionais ! Uma de um Continente: O Bolero. A outra de um País : O Fado.
 
Sem grande esforço acabo por perceber que o Joaquim tinha imensa razão.  A uma história de um Bolero tradicional, corresponde  uma história similar de um Fado.
 
Poesia de sofrimento.
Canções de desassossego.
Histórias levadas a rir, outras para não chorar.
Tudo isto é Bolero ! 
Tudo isto é Fado !
 
 
 
 

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

"ALEMBRANÇAS" 7


Decidi uma noite destas (por opção)  comer um bocado de pão com queijo  de faca na mão (como o meu Pai tinha por hábito fazer) quando me "alembrei" de algo semelhante mas em circunstâncias muito diferentes.
 
Há quarenta e quatro anos estava na sala da casa dos meus Pais a olhar para uma televisão velha a preto e branco e passou um anúncio com navios da Armada Portuguesa  muito apelativo e em que se convidavam os jovens a ingressar na Armada como voluntários.
Assim vi ! Assim fiz.
Lembro que na altura era época de muitos de nós, saírem do País clandestinamente já que estávamos em "guerra".
Não era uma grande guerra mas era uma guerra onde se perdiam algumas vidas (de jovens essencialmente).
O recrutamento militar era obrigatório e a  DGS (a pide) encarregava-se de que as fugas não fossem alternativa.
 
Inscrevi-me na Armada depois de comunicar aos meus Pais (neste caso primeiro Mãe e depois Pai) já que sendo menor 16 anos tinha de ter autorização. (Fins de Setembro de 1969)
Já com 17 anos fui chamado para inspecções em Janeiro de 1970 por um período à partida de 15 dias.
 
Local: Doca da Armada (junto ao campo das cebolas) 07:45 do dia 12 de Janeiro no cais.
 
Era de noite  estava uma manhã fria e lá me apresentei pontualmente, sem barba ainda ou quase nenhuma, sem noção e de olho atento ao que pela primeira vez se me deparava.
Havia jovens como eu os voluntários e os recrutados que eram em média 3 a 4 anos mais velhos. Fazia toda a diferença esses 3 ou 4 anos entre uns e outros.
De um modo geral eram homens feitos se comparados com miúdos de 17 anos.
 
Embarcámos na "vedeta" (nome que se dava à embarcação de transporte) directos para o porão e para a Base Naval de Lisboa, território até aí para mim desconhecido.
Ía vestido com um "sobretudozinho" e carregava um saco de roupa que  a minha mãe tinha preparado, depois do choque inicial ao saber da minha vontade em ingressar na Armada.
 
Foi um dia em cheio para lá e para cá, testes e mais testes, exames médicos, perguntas, dúvidas, almoço num enorme refeitório, primeiras amizades (algumas até aos dias de hoje), a ida ao barbeiro e a malfadada cortadela na trunfa a pente zero que tanto nos preocupava.
 
Pelas 17:00 atamancados com uma espécie de fardamento (quase igual ao dos "Prisioneiros de alcatraz") a chamada farda de alumínio e com o "penico" na tola rapada, fomos de novo levados para a vedeta e de novo para o porão e para a outra margem, cansados, sem cabelo, ridículos, e felizes...
Eu pelo menos ía.
 
Fomos a pé desde o Terreiro do Paço carregados com o saco típico dos marinheiros (o célebre  chouriço) mais os nossos sacos,  em fila (desordenadamente, ordenada) a dois  até Santa Apolónia  apanhar um comboio especial para Vila Franca de Xira, rumo à  "Escola de Alunos Marinheiros" que até tinha um apeadeiro próprio.
 
Chegámos de noite e fomos mais ou menos empurrados para um refeitório  já  preparado para nos receber com meio pão e uma pratada de uma espécie de sopa da pedra.
Daí à chegada a um enorme edifício (a caserna) nº1 foi um momento e a nossa distribuição ordenada pelas dezenas de beliches outro momento foi.
 
Enfim! Só.

Fiquei com um r/chão e fiz a cama pela primeira vez sózinho, arrumei as roupas no armário e dei a volta ao saco que a minha Mãe com tanto esmero fizera.
Roupa interior, pijama, lençóis e fronhas.... de tudo um pouco lá havia, até um canivete! Era o meu dote para aquela tão grande mudança de vida.
Que jeito daria na altura um TLM.

Mas havia também um bocado de queijo picante,  um chouriço, pão e uns pacotinhos de leite.
 
Eram já 22:30 e o sinal de recolher e silêncio tinha sido dado assim como tinham sido desligadas as luzes da célebre camarata da 1ª companhia de voluntários de 1970.
 

Ao mesmo tempo que por mim voava o pensamento da casa até então, da namorada e de todo um mundo de rotinas que adivinhava tinham definitavemente tido o seu fim, sentei-me na cama e no escuro e  com o canivete novo cortei um bocado de pão e um bocado de queijo que comi lentamente (por opção), até o sono do cansaço daquele dia tão diferente me levar.

 

sábado, 17 de novembro de 2012

"SEM VELA NEM BOIA"

 
 















Os tempos que hoje cobrem a vida que me resta
dão-me a sensação de uma imensa falta de ar.
 
Respiro mal e sem motivo dou por mim portador de uma nostalgia sem fim que advêm do facto de mais uma vez sentir que estou  num País desgovernado, roubado e quase em coma profundo.
As provas de morte cerebral apenas não são feitas por falta de meios e por falta de discernimento de quem manda e por quem se deixa mandar.
 
Espera-se que o Povo aguente e que a economia cresça por milagre. As pessoas espoliadas dos poucos trocos não consomem, o desemprego alastra e as palavras sérias há muito que deixaram o vocabulário dos nossos governantes.
 
Vivemos nós e a Europa uma espiral quase que de resseção que não será passível de resolver nos próximos tempos, já que as contradições entre os Estados são muitas e já que a verdade (diga-se também) é que alguns Países e Povos onde claro nos incluímos, fizeram asneiras, roubos e patifarias sem a menor vergonha e sem o menor controle.
O resultado aí está!
 
Apenas uma mudança total de paradigma de vida, nos poderá voltar a colocar em níveis aceitáveis de poder dizer que somos ou estamos em vias de ser um País Europeu, com tudo o que isso implica.
Tarefa essa impossível mas isso é outra conversa.
 
Quase impossível de todo direi nos próximos 25 anos.
 
Toda a nossa população com mais de 50 anos é maioritariamente quase que  analfabeta (o ser analfabeto não quer dizer que não comprem jornais desportivos, ou tenham tlm, TV cabo, carro e xuxas).
Os Empresários com mais de 50 anos são maioritariamente "PATRÕES" atascados em dívidas e ignorância, a par de outros tantos atascados em dinheiro e ignorância  que pouco ligam, pouco cumprem, pouco se ralam com a saúde económica e social dos seus trabalhadores.
 
Claro que como em tudo há exceções e muitas...mas não chegam infelizmente.
 
Impera a lei do incumprimento de prazos horários e ordenados, a palavra dada não é assumida, não existe na maioria dos casos.
Espera-se mais tempo por um canalizador do que por um médico, por um eletricista do que por uma carta vinda de qualquer lado do Mundo.
O País vive e suporta os pequenos poderes dos pequenos déspotas, porque o poder é uma arma desejada desde sempre e a que muitos Portugueses se habituaram a usar.
O Policia tem poder, o Enfermeiro tem poder, o funcionário qualquer que seja a repartição tem poder, todos têm poder.
Quanto a mim o mais grave, é que o usam indiscriminadamente como se fosse necessário utiliza-lo não vá alguém não reparar nesse "poder".  
 
É norma não se pagar a quem os serviços presta, diz-se «depois vou lá pagar». Até um dia  acontecer muitos dias passam e por vezes nem passam disso. 
 
Quem trabalha honestamente, está nestes tempos que correm sujeito a uma vida dura e difícil.
Os jovens  na sua maioria embalados nos sons dos tlm´s e na ausente e atempada falta de estudo estão como náufragos no meio do oceano sem vela e sem boia.
Verdade seja dita que os que ao contrário fizeram com esforço o estudo com menos cantigas ou não, estão também no meio do oceano, mas têm vela e boia o que é uma grande vantagem pelo menos à partida.
 
Portugal e a Europa, estão no meio do oceano global à deriva e ao sabor das correntes emergentes, sem boia e sem vela no caso Português, sem leme e sem timoneiro no caso Europeu.
Tempos difíceis os de hoje.

Portugal sempre, sempre atrasado, nunca vai recuperar do atraso que lhe foi imposto por um tal de Salazar e por uma maneira de ser e estar que os últimos 30 anos vieram a confirmar.
Somos muito bons mas temos de ser mandados. Daí o êxito que granjeamos noutros Países como trabalhadores sérios e cumpridores.
Cá dentro, não se podem dar grandes liberdades a quem delas não sabe tirar proveito a não ser para uso próprio e exploração dos seus concidadãos.
 
Os nossos governantes, se houvesse uma tabela classificativa não passariam nunca de medíocres desde os tempos da Monarquia.  
 
Fruto deste estado de coisas aqui estou eu que embora sem tlm porque não havia  e pouco estudo que já existia e  dele me apropriei também, se vê dizia, perante um desfilar de agruras de duas ou mais gerações sem grandes perspectivas de vida se quietas e presas do medo de partir para o Mar.
 
Recebem os Pais os filhos e os Netos  que saíram em bom tempo mas que a vida os "tramou" e gerações se perfilam que nem chegam a sair nem a filhos ter.
 
Está  por tudo isto  refém no meu entender  uma grande parte da população Europeia e Portuguesa em particular, do modo como se jogar o puzzle da concertação ou da destruição Europeia.
 
Sem Europa Unida, será quase que inevitável o caos e a agitação social típica dos velhos tempos Europeus. (Um grupo estranho de Países em permanentes guerras entre si).
 
O perigo não está na Alemanha nem em ninguém em particular, o perigo está dentro de cada um e na deficiência com que se elegem os que pretendem  nos "desgovernar".
O perigo está ao sabor de uma fraca atenção dos eleitores e de uma fraca intuição para a valorização do trabalho e da cultura.

 
Não pode um País ser pasto incontrolado da corrupção a todos os níveis da governação, do compadrio e das benesses injustas.
 
Pouco resta ao Povo de novo,  a não ser a procura da vela e da boia para mesmo sem leme e com a ajuda dos ventos e das correntes  rumar a bom porto.

São as esperanças que antevejo para  um amanhã melhor para estes novos e velhos  navegadores.

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

"PODE SER DO TEMPO"










As incertezas do dia a dia são cada vez mais e cada vez mais frequentes os momentos de tendência para diminuir a velocidade do pensamento e do raciocínio.
 
A par de uma situação no País digna de um qualquer filme do pós -guerra, nota-se que palavras como sentido de responsabilidade, ética e acima de tudo procura de valores essenciais, rareiam nas novas gerações e pior ainda nas velhas e pior ainda, naqueles que sem serem obrigados, se colocam aos comandos do destino do País e das suas gerações passadas e futuras.
 
Tudo se passa como numa qualquer novela e não é difícil prever o episódio seguinte ou futuros, se por acaso um dia estamos sem ligar um qualquer canal.
 
Tudo previsto, "tudo dejá vu " e só quem não quer ver não vê mesmo.

A Europa caminha para a sua destruição como aglomerado de Países e os Povos caminham para um estado de incerteza e pessimismo cada vez mais notório.
Os Países do Sul da Europa são e sempre foram, os mais visados e desajuizados no que concerne a colocarem ao serviço dos seus habitantes, politicas realísticas e balizadas em critérios de trabalho e responsabilidade.

A fatura aí está.
Está a fatura, mas não estão mais uma vez os procedimentos assentes em ética e responsabilidade.
O recente e a recente discussão sobre o OE 2013 é a prova dos nove para quem atento, consegue ver sem dificuldade que anda meio mundo a enganar outro meio e que no meio fica uma coisita de somenos importância que é o Povo e o futuro colectivo.
 
A irresponsabilidade alastra-se deste modo a tudo e a todos. Às dificuldades e à mentira juntam-se a descrença e a fuga para a frente a todos os níveis.
Procura-se o facilitismo a qualquer preço, perde-se a noção de valor do trabalho e a seriedade do indivíduo, é mais factor de chacota do que valorização pessoal.
 
Os velhos não morrem, os novos não avançam e assumir responsabilidades é uma coisa de que nem é bom ouvir falar.
 
A sociedade Europeia, principalmente a Europa do Sul, chegou ao fim da maravilha a que se tinha proposto.
Acabaram os "IPHODES", I´PAD´S, e as modernices acrescidas.
Acabaram as Pizzas semanais, os jantares e os empregos caídos do céu (ressalva para os imensos afilhados).
Resta a seriedade, o esforço, a persistência e a vontade de lutar e de se fazer valer em todo o lugar que seja Terra.
 
Há ainda forma de  arranjar forças e convicções inabaláveis alicerçadas nos valores éticos do trabalho e na reprodução do esforço de uma maneira continuada?
 
A vida actual, tal como esta crónica, deve ser vivida sem medos e sem engulhos que coartem a ação e o pensamento.
Pode ter erros de percurso ou ortográficos, mas pretende avançar e descolar da inércia do pensamento e aprofundar o sentido autocritico que devemos manter e refundar.
 
Reciclar a vida é mais ou tão útil  do que reciclar as pilhas dos "IPHODES".
 
A Europa não está para brincadeiras e distrações,  mas está ao que parece, entregue a brincalhões e distraídos o que para os desatentos pode ser fatal.
As relações humanas estão a ser postas à prova e cada vez são mais difíceis de levar a bom porto.  Perto o ditado que diz "Que em casa onde não há pão todos ralham e ninguém tem razão". Está perto diria, o tempo em que nada se adivinha fácil e em que nada se afigura certo.
 
Do alto de sixty one, years old e revendo o passado, afiguram-se-me mais plausíveis os erros que todos apesar de tudo cometemos, do que a tolerância que é dada aos actuais erros que quase todos teimam em continuar.
Por mim já planto coentros e salsa, por mim já sofro pelos outros.
Por mim desdenho a paragem e o facilitismo actual. 




 
 
 
 

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

"LER DO SONHO"














Viro outra pagina ao ritmo do teu virar
descuidado para outra fase do sono.
Pelo canto do olho reparo na beleza
do teu sossego descuidado
e no traço da tua perna liberta
e desnuda.

Reparo no firme traço da sobrancelha
no perfil  dos olhos e da linha do pescoço.
As mãos...essas estão sob o lado oculto da face
que não vejo.
O pé delicado treme ao ritmo do coração... não sei se do teu
se do meu.

Nesta pausa da leitura fico parado a olhar
como um  cão olha para o dono.
Com amor desmedido de ternura e de certeza
cuido no teu sono... sonhando acordado
por um amor que sempre me desperta
e ajuda.

Reparo mais... deixando a leitura que não espelha
o que em mim acontece em crescente alvoroço.
Largo de vez o ritmo continuado das frases
em que  já não me revejo.
Viro de lado o pensamento do meu eu...
e tento ler sem querer o teu.



 

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

"RECADOS DO CÉU" XI



Com vontade de falar
eu até estremecia.
Não quero, não posso, tenho medo
o grande tinha tudo, o pequeno nada
assim humildemente
eu calava o que via.


É triste compreender
como tudo se vai passando.
Tudo fica para morrer
a gente vai acabando.


Estou a notar também
compreender pouco a pouco.
O mundo de pernas para o ar
isto anda tudo louco.




                                                                                                                                Maria Rosa Pereira

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

"A FÉRIAS À PRESSA"




Saída da rotina, estrada abaixo
de meu amor ao lado
de encontro ao mar e ao coração
que está por lá e outros não.
Saida da rotina, de peito vivida
devagar para chegar cedo
"ver" um segredo e um museu
a Alfama e a praia da minha vida..
Ver o Tejo das caravelas e barcos de pescadores.
Na muralha sentado, ao longe as luzes na ponte.
ver o Sol a descer lesto, lá no horizonte
onde estão outros amores.

Saida da rotina, não cabisbaixo
de meu amor ao lado mais eu.
Ver o céu  azul  onde  nasci
e nuvens brancas de vento levadas
Saída da rotina,sem nada levar por baixo
a não ser o passaporte e a sorte.
E o meu amor ao lado
e as águas de  tempo passadas.
Marginal  que é para mim uma rua
com curvas a beijar a praia.
Serão os dias mais curtos
os dias agora roubados à lua.

Saída da rotina, estrada  acima
de meu amor ao lado .
voou o tempo do Sul
volta o destino para o Norte.
Saída da rotina tão curta
que o tempo já compensou.
Voltar de novo para a luta.
porque o tempo,  parar não parou.


sábado, 28 de julho de 2012

"FÉRIAS NA MINHA TERRA"

 

Pela primeira vez em 59 anos vou passar 120 horas de férias na minha terra.É um facto inédito porque sempre vivi na minha terra.

Nada de mais afinal dir-se-á.O curioso contudo, é que estou cheio de vontade de ir para férias com quem comigo quer ir, e com quem eu quero que vá comigo.

Vou ver como alguém que está longe disse, «a coisa com outros olhos».
Embora não seja totalmente da mesma opinião no que diz respeito aos "olhos" é verdade que vou ver tudo mais claro e transparente.

A minha terra, tem a melhor cor ao caír da tarde e tem pessoas bonitas todo o dia.Tem  movimento e aspectos únicos em Portugal, por mais voltas que se dê.
Tem a marzia constante, o tanque e o "dragoeiro" tem as minhas filhas todas e o meu filho inteiro,a minha irmã e o Tó.
Podia-lhe chamar cunhado mas isso é confuso (é o Tó) e chega. 
Além disso, a minha terra tem os meus  (abandonados só fisicamente)os Netos que são o futuro e ainda a Patita e as meninas do futuro dela e do "menino" dela.
A petanca e o Olivença, o moínho, o Gomes e o Alegria são memórias de todos os dias também.

Há depois a "Flôr", o café mais caro da zona e o Izidro que é a alma do café mais caro da zona e a Praia de S.Pedro a mais bonita da costa.

Está recheada de surpresas a minha terra: Tem o maior casino da Europa e as grutas da Alapraia cheias de merda de cão às vezes e outras não.
Tem o "Quentinho" que funciona , como o santuário de Fátima só que  no modo de frango assado, e não de velas queimadas.
Tem também a minha terra gente de todos os lados, escuros por vezes em demasia o que a torna nos dias de hoje, um pouco perigosa para os mais incautos.
Tem gente boa que já se foi deste mundo e tem gente que lá está que é boa uma e outra nem por isso. 

Dos meus antigos amigos, restam ainda os que cabem numa mão amputada de 2  dedos e dos mais novos os dedos de baixo chegam. E chega para mim assim também.

Dos meus antigos vizinhos apenas da Dra Bety e o seu "horrível" cão me lembro mais. Mas ela vale por ambos e pela  memória da sua mãe e irmão.
Lembro ainda alguns cães e cadelas  mas de uma forma difusa e  descolorida pelo passar dos tempos e da memória.

Vejo claramente a rua dos meus berlindes, a  primeira e a segunda casa dos meus Pais e a loja que tanto deu que fazer e falar, loja não! "Charcuteria Marsol"" fáz favor, e o cão "Paga já", do campo da bola e das festas populares, o "GDA" e as futeboladas na pòça e na Abóbada onde no intervalo dos jogos comíamos uma sandes de coiratos e um galão de vinho branco, o Virgílio e a Mabília, a Maria e o Luis e outros que sendo poucos,  talvez por isso marcaram a minha juventude.

O resto da minha terra é o Mar maravilhoso e a Serra ali tão perto, o Guincho a costa e as escapadelas como "uma grande casa de alterne" diria  Gabriel Garcia Marques, batida pelo som das ondas zangadas e do vento que passa apressado para se esconder de vergonha  no oceano.
Tocaram os "GÉNESIS" por ali perto e no "Côconuts" estava o Menino noites a fio, franqueando a porta a gerações de primos que eu deligentemente arranjava.

Andei por todos os montes, e caminhos  desde Sintra a Cascais, em longos passeios na minha bicicleta, passeios esses, que tiveram o condão de me aprimorar na arte de fugir para o mar (porque era a descer), não havia bikes com 21 velocidades, nem pranchas de surf, nem miúdas atrás dos rapazes.
Mas a praia era o melhor, a praia, o mar, o fundo do mar e um linguado perdido que por vezes esperava pela ponta do meu arpão.
Gostava de contar por marcas num papel, os carros que passavam na marginal durante um determinado tempo que eu calculava a "olho".

Havia a "Choupana"  com musica e tudo e gente rica e a Simone de Oliveira e o  Henrique Mendes.

Na minha terra, passei os tempos de miúdo alegre e descontraidamente entre a praia, bola, escola, Pais, Bailes, filhos, alegrias muitas e tristezas algumas e outras coisas menos boas.

Saí dela, porque não cabia mais nela de cabeça levantada o dia inteiro e em boa hora o fiz.
Posso agora visitá-la com outro olhar que só a distância permite.

Ela, a terra, continua sempre bonita e eu e os "meus" todos que por aqui passaram, continuam a ser dela.
  

segunda-feira, 23 de julho de 2012

"RECADOS DO CÉU" X



















É um mundo desigual
que me custa compreender,
Uns podem mas não querem
outros querem aprender.

Hoje é tarde para poder aprender
a dizer e a falar.
Tenho pena,muita pena
não me deixarem estudar.

Sempre assim conheci o mundo
na experiência da vida.
Perante quem tinha tudo
eu calava, eu tremia.

Gostaria de ter falado
quando bem eu entendia.
Mas à frente de quem tudo tinha
eu calava e engolia.



                                                                                                                                   Maria Rosa Pereira

sexta-feira, 6 de julho de 2012

"SEM VÓS"

















Sem vós tudo seria mais difícil de passar
sem vós ficava a vida insossa no desmaio
visita alheada em dia de viagem inacabada.
Sem vós seria mais pobre mais se calhar
sem vós murchava a voz quando de mim saio
vermelho por dentro por fora às vezes nada.

Sem vós ficava mais quieto pronto a morrer
sem vós  faria um poema de que me abstraio
da chegada da ida sem ser assim desejada.






 

sábado, 30 de junho de 2012

"RECADOS DO CÉU" IX









Tanto tempo valioso a gente
vai desprezando.
Tanta ilusão se desfáz
os dias vão -se acabando.


Hó triste mundo que foste
para mim.
Só me plantaste espinhos
no centro do meu jardim.

Grande pena eu tenho
de não ser hoje a começar.
Tanto tempo se passou
não aprendi a falar.



                                                                                                                               Maria Rosa Pereira

quarta-feira, 20 de junho de 2012

"VERMELHAS BRILHANTES"








Olho uma flor invulgar caída ao acaso
pego nela com cuidado.
Tem duas pétalas vermelhas brilhantes.
Não sei se há flores com duas pétalas
mas existe uma.
Esta que encontro no chão molhado.

Por analogia vejo-as como uma só
qual o amor deve ser logo que possa.
Dois em um bem juntos livres de sombras.
Vou recatar ambos do vento e do mau estar
da chispa à solta que tanto fere o bom senso.

O rancor e a seca fazem murchar o amor
definha-o retirando-lhe o brilho em instantes
da consciência que seca nos dias se perdeu        
ambos ponho num vaso de ideias que guardo

Sem acerto é persistente a roda viva da dor
impedindo o desejo  pressentido antes
fenecer a cor da pétala se já o amor morreu
num olhar que me lembrando tanto tardo.

Duas pétalas que o chão me deu
e com todo o cuidado guardei
nas folhas dum livro meu e teu
repouso das pétalas que sequei.










 

terça-feira, 19 de junho de 2012

"RECADOS DO CÉU" VIII


Hó vida da minha vida
o vento me levou a flor.
Só tenho a recordação
dos filhos do meu amor.

Eu nasci e me criei
com os olhos meio fechados.
Quando os abri era tarde
os anos tinham passado.

Tristes dias se passaram
ao longo da minha vida.
Vai-se o sonho mirrando
tudo passa de fugida.




                                                      Maria Rosa Pereira

terça-feira, 12 de junho de 2012

"LABIRINTOS"







Atravessam-se no tempo pensamentos difusos
confundem-me pelo cansaço que vão provocando
baralhando as razões entre os bons e os maus usos.

Resta-me a resistência com que lhes faço frente
descobrindo no labirinto das ideias que me impele
de delas sair fugindo em tempo assaz e decente.
São rudes os dias embrulhados de juízo travar
envoltos que estão em papel sem preço certo
como se nascidos fossem em terras por desbravar.
 
O amor é turvo rio que segue acossado desaguar
como se ferido de morte rumo a um destino incerto
não sabendo sequer se indo em frente vai ser mar.
A confusão serve-se quente em pratos rasos
para não ficar inquinada nem longe da verdade
por maior que seja a cega vontade dos acasos. 

Voltando a ser o eu  como soltas ervas daninhas
que nascem e crescem sem ser preciso  regar
morrendo por dentro do tempo sem se fazerem notar.
















 

quinta-feira, 7 de junho de 2012

"HÁ EURO E FALTA DE EUROS"



Causa arrepios o vermos as horas de alienação que o campeonato da Europa causa no já alienado Povo Português.
As televisões e as rádios martelam o assunto com grandes períodos de tempo dado a grandes análises cientificas e todos os "expert´s " na matéria botam faladuras, certezas e prognósticos a propósito de tudo e de nada.
É certo que há opiniões competentes que criticam este circo despudorado, inestético, por demais mediático por demais saloio, falho de pragmatismo e pródigo em vaidades e paixões assolapadas e ridículas como todas as paixões assolapadas.

É assustador de ver que por estes tempos mais próximos, nada de mais importante vai existir para lá das  mais mirabolantes opiniões pagas a peso de ouro sobre uma coisa que comparada com a crise que atravessamos mais parece um devaneio de loucos e prozakianos.

Numa Europa em que se joga uma dura partida de  rugby, com cada País a puxar para o seu lado e o número de assistentes passivos por obrigados e expectantes de um futuro incerto a não parar de aumentar  cada vez mais tende a se generalizar  uma tensão de sentido e cariz negativo pouco prometedora de resultados a contento da maioria dos Povos.

Não pode um campeonato de bola por isso a meu ver, mascarar a gravidade dos tempos que passam e servir de escape prioritário às dificuldades que nos rodeiam.
Concordo que será bom para o ego Português ver a seleção Portuguesa jogar bem já que é essa a sua obrigação, ganhar se puder, (isso depende do adversário jogar ou não melhor) mas acima de tudo mostrar dignidade, força de vontade e como sempre se espera, pôr em campo a humildade que precede os "grandes" feitos, os grandes resultados e os grandes exemplos.

Não somos bons em humildade arriscaria até a dizer que somos os piores praticantes de humildade quase em todos os sectores da vida colectiva.

Portugal e os Portugueses tem vindo a perder ao longo dos anos a humildade que  era uma das características mais marcantes da nossa sociedade.

Com o acesso à liberdade e ao progresso depois de tantos anos de escuridão, a humildade foi-se esboroando e a sociedade tornou-se maioritariamente consumidora da futilidade,da facilidade,desprezando e esquecendo aqueles que no seu interior com trabalho dedicação e honestidade foram a génese para o status de que agora se exibem ainda que alicerçado em falsas premissas e dúbias certezas.

Voltando ao "Mundo redondo da bola" não é de aceitar nem entender, que tenhamos a seleção mais dispendiosa  no que respeita a gastos de alojamento mordomias e afins.
Como é possível num País à beira da bancarrota, (embora a isso habituado) mais de 500 vezes estivemos nesta situação, mas como é possível dizia que se gaste (com pouco mais ou menos o mesmo número de pessoas) o dobro do que é gasto por Países como a Holanda ou a Inglaterra.

O maior sinal de quem somos, de quem fomos e a razão porque precisamos do dinheiro dos outros, não poderia estar melhor representada,  neste pequeno  mas grande exemplo de futilidade,saloíce e falta de respeito para com o País quase inteiro.
Tudo isto é e representa uma enorme "bomba" que tenderá a rebentar consoante a bola entrar ou não entrar, coisa que é  (devia ser)  quase  irrelevante e inócua no estado psiquíco actual da nossa sociedade.

A ostentação perante a fragilidade dói  e gera sentimentos inesperados apesar de o assunto ser apenas uns simples jogos de bola.

A humildade não está para já presente no evento que se aproxima mas todos os crentes e não crentes esperam que tal  venha a acontecer pelo que fica até um dia destes a dúvida de: 
Se é razoável e compreenssível  tanto falatório e análise e horas dadas em detrimento de assuntos bem mais importantes (para o nosso e da Europa) futuro colectivo.

Sairemos (uma grande parte) transitoriamente do período depressivo em que nos encontramos se a campanha redonda for positiva é verdade, será um paliativo benéfico.
Em caso contrário ficaremos a necessitar (uma grande parte) de um reforço da medicação anti-depressiva.
A ver vamos. 





"RECADOS DO CÉU" VII



Este maldito mundo
                                    que tantas ilusões nos trás.
                                    Mas em pequenos momentos
                                    nossos sonhos nos desfaz.

Eu às vezes vou pensando
no que todos têm por certo.
Dá me então esta vontade
de fugir para um deserto.

Hó vida, mais a tua solidão
que me dás pouco a pouco
cabo do meu coração.





                                                                                                                Maria Rosa Pereira