Deixo cansado
que o meu rosto se esconda
entre os teus cabelos desarrumados
e fecho-me.
Nasce e sai-me
uma gota do olhar
fechado.
Transparente como o nada
desce e contorna devagar
teus olhos rasgados
rolando depois
pela tua face antes beijada
até se deter nos lábios de nós dois
hesitante.
Percorre-os demoradamente
como se neles um templo vislumbrasse.
Um pequeno movimento de nós
numa imperfeita harmonia
deixa que se solte
de onde estava deslumbrada
e desenhe de novo do nada
o teu seio como se não reparasse
que são dois...Depois
o desenho perfeito
e novo efeito...Cresce o encantamento
perante o deserto morno e quente
ondulado da respiração pausada
que sente.
O deslizar sofre de menos gravidade
deixando a gota mais lenta
no seu caminho decidido
rumo a um fim desconhecido
dela e de mim
adormecido.
Lágrima e felicidade
desapego suave e amor
que me devora.
Que de ti sai e do teu leito
ele também transparente
mas perfeito
já que a gota num repente
se evapora...
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