quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

"ALAÚDE NOVO"


















No novo ano que chega
que cheguemos nós também
a tempos mais brilhantes
partilhados entre todos
ao som de um alaúde
tocado por mãos amigas
mesmo que estando distantes
sempre que tenham saúde.




 

quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

"TEMPESTADES"





 







O teu calor invade-me da costumada simplicidade
deixando-me sem espaço para o meu te dar
a conhecer como sonhado pensei em rosa.

Uma constante maresia insólita e maldosa
ocupa mais do que devia os espaços reservados
em lombadas escritas de amargura e rostos cansados.

 
Desarrumado o amor há vidas que nele existem
perdidas descuidadas entre lágrimas derramadas
reduzindo a cor a breus de memórias desgastadas.
Condenados a não esquecer o facto de vivermos
por insanidades brutais assassinas que persistem
fraquejam os esforços daqueles que a ser feliz resistem.

 
Como uma peste sem cor reinventada à pressa
grassa o sofrimento solto cego despropositado
sem que nesta dor a gente tamanho meça.


O teu calor perde-se no meu a vida na frivolidade
percorre-se o tempo pelo corpo sem mais cuidado
semeando no vento o espaço destinado à felicidade.

 
(kácus) 015

terça-feira, 17 de novembro de 2015

"JÁ OUÇO O TEU RESPIRAR"















Já ouço o teu respirar
do outro lado do leito
que nos une noite adentro.
Ficou mais tenro o escuro
que nos adormece no peito.
Somos novo espaço sem muro
em vida que sempre chamando
nos dá luz que nos dá chama.

Já ouço o teu respirar
entrelaçado no meu um momento
que de agitado passou esquecido
a passar compassado no teu.
Ficámos assim mais de perto
num chegado usual movimento
que antes perdido sem tempo 
voltando achado a ter sentido.


 

sexta-feira, 11 de setembro de 2015

"DA VIDA"

















Debaixo de tudo escorre a vida atrapalhada
como o tudo fosse nada em terra mal semeada.
Correm os dias soltam-se as folhas de outono
levadas pelo vento sem rumo e sem dono.
Parcelas se somam aos dias como contas
prematuras antes de sentidas prontas.

Lasca-se o tempo de remendos a eito
embalados de sonhos em sono estreito.
Corre a angústia dos dias passando na gente
teimosos de passado  que a verdade desmente.
Os pingos de chuva  caem vestidos de neve 
fazendo a espera exaltante e o tempo mais leve. 


 

quarta-feira, 9 de setembro de 2015

"LUA NOVA"















Não tenho maneira de perceber
sem evitar entristecer
quando na intenção vejo descuido.
Sinto as pedras agrestes que piso cuido
sob uma lua nova que perdi e me perdeu.
Não corro atrás do sol que esse não é só meu.
 
Percorro a montanha perante súbita subida
saído de vales e cascatas de esperanças e vida
sem tempo no tempo para parar ou desistir.
Privado de sobressaltos que me forcem sorrir
visto-me de saudade e lento desfolho um malmequer
sem sombra de luar como o destino assim quer.
 


 

terça-feira, 18 de agosto de 2015

"VENTOS DE AGOSTO"













Correm apressados os tempos e...
os abraços que perdidos ficam  por dar.
Entre pontes e rios de mar mascarados de gente
esvoaça-se no ar  sem rumo... o destino.
Tudo se parece no olhar tornar difuso mortiço
como que fecundado por estranho feitiço
inventado do passado em  fugaz desatino
envenenado colorido em elaborado presente.

Correm os dias como as contas de um rosário
visitado por ladainhas inventadas desabridas
numa estranha  forma de informe religião.
Entre os dias labora-se o rol sem fim de um fadário
formado de ideias lembradas que logo esquecidas
vogando assim perdidas pelo mar inteiro e num rumo
pintado com as cores do nevoeiro em molduras de solidão
que partem subindo sem ar qual vulcão envolto em fumo.

Fantasmas de todas as formas e cores ladeiam 
os sulcos que o tempo atento escavou na alma
que se julgava agarrada ao corpo por dentro
arrefecendo o destino sem esquecer a esperança.
Caem as folhas a noite e o olhar na praça engalanada do centro
que agora moribunda deixa o amor ver o enrugar da idade
antes alegre descuidada  lavrada de continuada lembrança
de luzes errantes que brilhando dão contorno à saudade.

 

sexta-feira, 19 de junho de 2015

"ACORDAR"
















Olho-te como um imenso mar
revolto zangado de estranha cor
em desenganado sonho vadio.
Deixo-te perder no meu  olhar
perdido que fico na cerração da dor
sob um imenso pó espesso e bravio.

Um sonho mau passa como a maré
vazia de sentido que retorna adentro no mar.
Damos então as mãos sentindo o corpo acordar
na imensa planura de um braço simples de dar
afagados por leve brisa que discreta paira no ar
levantando-nos do chão perdido de fé.

Depois tudo tornamos transparente
se parido amor se sente por perto
apertando o peito desperto da gente.

Estranha maré esta de correntes errantes
que findado o sonho tornam o dia desperto
mesmo que de tão perto estejam distantes.





   
 

sábado, 23 de maio de 2015

"SINAIS"













Nada inspira que valha a pena
ou transmita aos dedos novas rimas.
A folha de papel torna-se mais branca
deserta de espaço livre pequena.
Tudo corre livremente por vidas e cismas
como uma desconfiada zona franca.

O mundo roda já ao contrário
na fácil maneira do uso do fútil.
Como rio seco sem margem
em tela pintada só de primário.
Deixa-se assim a ideia pensada  inútil
sem espaço para inventar a paisagem.

E na degradação dos valores
floresce o lixo permanente
secando as antes presentes flores.

Nada inspira que valha a pena
a não ser a soma do abandonado  amor
para vencer tamanha e persistente dor. 

 

sábado, 2 de maio de 2015

"AO REDOR"















O teu calor invade-me de costumada simplicidade
deixando-me sem espaço e força para o meu te dar
a conhecer como sonhado gostaria.
Uma constante maresia insólita e maldosa
ocupa mais do que devia os espaço pensados
em lombadas de amargura e rostos cansados.

Desarrumado o amor... há vidas que assim persistem
perdidas em odores descuidados e lágrimas salgadas
reduzindo em cor de sangue memórias já desgastadas.
Condenados a não esquecer... o simples facto de vivermos
na insanidade brutal e assassina que de roda existem
desarmam-se os esforços daqueles que a ser feliz resistem.

Como uma peste reinventada à pressa
grassa o sofrimento solto cego despropositado
sem que o tamanho da dor a gente meça.

O teu calor perde-se no meu e na frivolidade
dos tempos que nos percorrem maltratando
o que semeámos num espaço de procurar felicidade.

 

sexta-feira, 3 de abril de 2015

"ZEPPELIN"















Sinto por vezes que o papel de zeppelin
me assenta como luva encontrada
em gaveta esquecida e desarrumada.
Apenas me fio no vento
e no cabo que me liga ao chão.
Pairo ao sabor das aragens
em contemplação do que por baixo
se não passa e tanto me desagrada.
Pairo medito e disperso-me
por rotas mal calculadas.


Inflamável ao fútil e à ignorância
torno-me como todos os zeppelins
um risco para acompanhado voar.
Inflamável às mediocridades
o meu voo tenderá a ser curto
a breve prazo.
Os sinais da torre de controle 
por serem repetidos e banais
falhos de confiança interesseiros
prenhos de teimosamente erráticos
lembram plantar um pinheiro num vaso.

Vão - se assim perdendo esperanças
nas palavras ditas e gastas
de renovadas lembranças.

Largar mais lastro e subir
é sinal que o cabo quebrou
ou que o voo não acabou?

 

sábado, 28 de março de 2015

"INSÓNIA"














Desamarro-me por fim de sentimentos
outrora submissos secados  nos anos.
E deixo o fogo lavrar a eito pela memória
seca e dura como rocha indeterminada.
Descubro palavras velhas repetidas de mais
saídas com raiva por tão estranha boca
boca fina  mal desenhada falsa de história  
parida e prematura em promessas escondidas
de conluio com interesses avaros carnais
animada de amizades de ardor destituídas
assentes numa peça qualquer inventada.

É como rio que nascesse no mar.
Deixa-se que ele engula a terra a eito
sem margens que marquem visível leito
num peito sem jeito  falho de intenção. 
Apenas se trata de repetida omissão
seca rude inválida arrasadora e louca.
Por vontade própria deixo o lume lavrar
a nada leva este arder de cinza pouca
embargando o sono que se apaga na aurora
sendo que o fogo é guardador de segredos
ardendo sem chamas pela noite afora.  
 

Não há algemas que a mentira amarrem
desfazendo o sonho em areia
ou perdido vento em aragem.



Não há fogo que arda sem ajuda
nem fumo que dele se esconda
mesmo que nele pensando se cuida.


 

quarta-feira, 18 de março de 2015

"SEM TEMPO"















Fica-se no tempo parado
arrumando os pensamentos
que esvoaçam
levados pela brisa da vida.
É a alma da gente dirão.
São os sinos da consciência
direi.
Mapas mal desenhados
de caminhos encontrados
em erradas decisões.

O amor perdido sai sempre
maltratado empobrecido
das repetidas horas
em que foi expropriado.
Segue-se então por instinto
com o que há dentro do peito
ficando nele prisioneiro do
nada que não se previu.

Fica-se no tempo parado
de olhar meigo traído por
não sentir o que sentiu.
Assim batem os dias
no compasso do coração
umas vezes sim outras não.
Solta levada pela brisa da vida
é a alma da gente dirão.

    

domingo, 8 de março de 2015

"MULHER"




















No dia dedicado à mulher
fácil é fazer poema
montar esquema
decifrar teorema
de fácil solução.
Escrever rimas que quiser
sendo ela centro e tema
em tela de cinema
ou doce problema
em forma de coração.




 

sábado, 7 de março de 2015

"O MAR E NÓS"














Olhos no mar nós os dois
contamos as ondas
iguais.
Só as iguais
como nós.
Tarefa impossível
não há beijos demais
nem iguais.
Apenas o sal
do mar
tem parecença nas ondas.

Quando sós
descobrimos sombras
nos olhamos apenas
abraçados ao desespero
que chega do rumor da maré
que se escoa desigual
das rochas pequenas.
Beijados pela maresia
secamos o nosso sal
que nesta hora o sol cansado
é já parco para nós tempero.

O mar e nós os dois
em movimento
constante
desigual
frenético
atabalhoado de pressa.
Trocamos os olhares
meigos dedicados
escondendo-os  
e rindo num breve instante
nas asas de uma gaivota.

Passam assim desiguais
momentos de infinita volta 
como se de choque elétrico 
que nos atravessou tratasse
sem que nada o impedisse
nesta nossa perdição de olhar.
Jogámos aos carinhos incertos
rebuscados mais e mais ousados
como jogos de cartas inventados
cujo joker é lançado no fim ao mar
procurando novos acertos.

A maré por fim desistiu
de nós.
Ficámos secos de amar
e o sol 
foi-se de novo deitar.
Assim renovados de esperança
escolhemos o futuro
de regresso à saída
de que o mar fugiu.
Está brilhante o fim do mar
que a nossa vista alcança.




    

 

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

"QUE DIZER"













Que dizer quando foge o amor
para parte incerta
por descuido
por pruridos
por falta de atenção
por morrer a correr
Que dizer...

Que fazer se regada murcha a flor
plantada na data certa
que dia após dia cuido
em todos os sentidos
com redobrada afeição
morrendo mesmo sem querer
que dizer...

Que dizer quando tudo falha
nada sobre nada preste
a passo lento esmorece
no confundir dos dias
entre noites  infelizes
sem um rasgo de luar
Que dizer...

Que dizer se a vida se baralha
se torna amarga agreste
parecendo que mais parece
soltas pedras nuas e frias
frases que ocultas dizes
sem usar o verbo amar
Que dizer...

 

terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

"MAR ADENTRO"















Pelo mar adentro
vivi então momentos
de saudade e alegrias
tristezas e agonias
como só o mar provoca
se plo vento se exaltar.
Dei por mim a falar com a lua
em caminhos feitos de estrelas 
que ao luar inventei
em tantas noites de mar
que se seguiam aos dias
para... por fim te abraçar.


 

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

"UM SOPRO DE AMOR"
















Basta um sopro de amor
que tudo volta a ser gente
aberto em sol maior
acorde  peça  sinfonia
fazendo da noite dia.
Basta um sopro de amor
mesmo que chova lá fora
ou neve pela noite dentro
levada por rimas de vento
como antes nunca se via.

Basta um sorriso de flor
em jardim inda que ausente
que logo se torna menor
o amargo que antes sentia
e que o sendo não parecia.
Basta um sorriso de flor
tinta turquesa de aurora
jarra de cristal ao centro
reflexo  beijo momento
sopro de amor e magia.

 

sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

"TEMPOS"














Pouco prende o olhar a linha do horizonte 
de cor indecisa deserta estando de motivos
a um olhar cristalino de água caída de fonte.
Arrasta-se o pensamento por lugares cativos
vazios por espaços errantes privados de luz 
desarrumados em passo rápido pela vida
enfeitiçada de fim perdida que nos conduz.
Fica a vontade desejada de destino tolhida  
desgarrada fora de uso gasta de encanto
para em momentos voltar de novo a sorrir
entre abraços que nos tardam em surgir
como que envoltos estão sob indesejado manto. 

                 
 

terça-feira, 13 de janeiro de 2015

"ATÉ QUE A VELA SE APAGUE"















Deixa que te afague
o rosto os lábios
seque essa lágrima
teimosa a deslizar.
Até que a vela se apague
sejamos sábios
sem verso sem rima
até o amor renovar.

Deixa que te afague
em palavras feitas à mão
que sentindo indecisas
te procuram  descobrir.
Ate que a vela se apague
solta o sorriso diz não
se nada em mim divisas
te possa eu  colorir.

Sairei com o que resta...
deixo-te meu coração
que para mim já não presta.

Fica prolongado o escuro...
já que a vela só...  lentamente se pagou
quebrou-se um amor que sem tempo se finou. 

 

sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

"DIDI"















Didi passava todos os dias
na rua que era a sua.
e minha.
De vestidos coloridos
sob casaco desbotado
no seu andar arrastado
em sapatos desconfiados
do peso diário.
Levava sempre um saco
com qualquer coisa
e folhas de poemas na mão
que distribuía porta sim
porta não.
De cabelo grisalho
em cachos amolgados
pelo tempo
deixava bons dias
e dedos de conversa
nas rotinas da vida.

Olá Didi está tudo bem
perguntava no seu
sorriso de um dente só.
Tinha uns terrenos
para dar a um sobrinho
e uma magra reforma
para manter a história
de viver.

Didi não era o seu nome.
Júlia era a sua graça
Didi o seu modo
de tratar uma amiga
dos seus poemas
e desabafos perdidos.

Júlia vivia só com o gato
com a ausência
e com a solidão.
Foi encontrada na banheira
no fria e gelada
de vida.

Didi já não se deixa ver
na rua que era sua
muito menos dar a ler
poemas do sol e da lua.

 

terça-feira, 6 de janeiro de 2015

"PERCEÇÃO"














Não percebi a tempo.
Havia uma fresta dissimulada
no amor que me destinavas.
Por falta de perceção
descuidei o tempo todo
perdendo-me em fugazes abstrações
que os sonhos me alcançavam
noites a fio detidas por dias a eito.

Como doente fico privado de alento
em porta invisível informe fechada
que antes aberta tardia passavas.
Por falta de perceção.
A realidade torna-se lama e lodo
deixando-se em estendais de sensações
que sem nexo ao vento ondulavam
ocupando-me o ar que perdia e o peito.

Nada de mais afinal estranho era
o tempo sem  tempo que se passou
deixando o sentido sem espaço e espera.

Roda-se o corpo perdido e a alma
se alma ainda teima e teimando existe
no sonho que noite após noite persiste. 
 

sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

"PALAVRAS"

















Desdobro as palavras 
que encontro no chão.
Umas são delicadas
algumas grosseiras
outras interesseiras.
Guardo a mais pequena
para desdobrar mais tarde
tem um cheiro diferente
me parece.

Esquecida... por desdobrar
a noite inteira aquece
no bolso da solidão.
Tem um odor que me invade
e desperta.
Não é assim tanto mar não.
Desdobro-a com o cuidado
de um botão em flor
na hora certa.

Ponho a chaleira ao lume
Bebo um café
como de costume.

Com tropical sabor
desdobro a palavra
e leio nela amor.