Sublime a recordação que guardo
do sonho em que era rio
nascido entre montanhas azuladas...
tão perto estavam do céu.
Minhas águas cristalinas
caindo do topo entre fragas
inóspitas no desejo de mais chegar
ao mar que sonhava então distante.
Entre encostas verdejantes misteriosas
salpicadas de casario branco discreto
corriam-me as águas em livre queda
como pedras de dominó perdidas
em abandonadas mesas de ao luar
jogar.
Espelha-se perante mim rio cansado
o tão desejado mar imenso e frio
em tons de verdes e ondas douradas
com laivos de cristas brancas junto ao céu.
Saído do sul todo o meu caudal destinas
em água a correr pra norte em chagas
me transpiro de vagas de berço lembrar
sentido o sal que todo meu rio então levante.
Na corrente desci entre margens tão dolorosas
que sem tino sem medo sem rumo certo
meu sonho se queda sem ganho nem perda
enlaçando-me assim de primaveras repetidas
numa dança sem fim salgada de doce amor
dado que sou água floresta e flor.
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