Arredo de mim tanto açúcar em verso
de rimas doces levadas ao extremo
sob a forma de beijos prolongados
langores desarrumados
carícias infindas e estafadas
de tons rosa salpicadas
por corações de um só sentido.
Arredo de mim tanta fartura de amor
e amores vadios deslumbrados e perdidos.
Nada parece haver mais à mão
a não ser sofrimentos do coração
desejos reprimidos.
O Poeta do amor só
é um poeta redutor.
A realidade e o desapego do amor em verso
torna o poema perverso
quando o poema em si já é acto de amor.
Ora rostos maquilhados.
Ora gestos repetidos em frases arrumadas
repetidas e cantadas no mesmo tom
numa pauta repetida isenta de som.
É fácil contornar os lábios
os olhos e o rosto.
Os corpos entrelaçados mais ou menos
nus menos ou mais sonhadores.
É fácil fazer o amor trocando
as palavras por ordem a gosto
num ziguezague redondo
como um eterno fogo posto.
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