Torço e retorço o pensamento como se faz à tripa do animal
este parece que exercício, deixa-me bem e sinto que me deixa mal.
Passam por mim as imagens de um filme que já não vejo
com atores pobres que não conheço e sinto sem alma e sem desejo.
As árvores dão-me a sombra persistente que não procuro
o luar ilumima-me o dia a dia que atento vejo mal
A vida me lembra que o chão de tanto pisado está a ficar duro
fazendo do passado um futuro sem brilho e sem sal.
Passeio pelo monte, agora descendo cuidado e vejo de cima o passado
que por me ser ido me deixa mais solto e arredio das tintas e das cores.
A descida é a sensação mais sentida de momento a que estoicamente sou dado
mesmo que o Sol queime sem sentir, mesmo que não veja as flores.
Nunca dei grande valor às flores é verdade, apenas as tolero
não paro para as apanhar selvagens ou soltas, sempre as comprei.
Daí o sentido ausente que sinto ao querer pintar o que não quero
talvez um rio, um rosto, um mar mas nunca flores isso eu sei.
Gosto do cinzento, do preto e da cor ausente do dia
por isso. talvez por isso, fiz as coisas que me mandava fazer o peito.
Deixei a corrente levar-me para a praia do desejo de um dia
ancorado fico no porto com a certeza de ter feito o que não fiz ao meu jeito.
Ao ler este "Stormingbrain" dá-me gozo por ser parecido com uma bostada
não há filosofia que o defenda nem palavras alinhadas com o esquema.
É a verdade nua e crua e a minha claro está, é um pensamento de nada
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