Se no passar dos dias me desarrumo
o tempo das horas deixa-me desarrumado
em parcelas salteadas que se evolam como fumo
deixando-me mesmo que amando desarmado.
Solta-se a vida que de sentido procura rumo
embebida em fogo alheio ardendo incontrolado
limão amarelado que cai mirrado de sumo
como poema ardido em folha de papel pardo.
Vem depois a noite inteira de comprida
afagar o sonho que espalhado na vida jaz
sem que dele consiga dar conta mais contida
pensando saber que do mal o menos tanto faz.
Se o poema vislumbra nesga por onde nascer
das cinzas trilha afoito caminho e crescer
que o desarrumo que o sonho antes tinha
teimava em partir do torpor que o retinha.
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