Depois da euforia pós-guerra e do desenvolvimento tecnológico, industrial e educacional milhões de pessoas apoiadas pela criação de um estado social forte (ainda que com fim a prazo por descuido na sua monitorização) originou pela primeira, uma forte inclusão das mulheres nos sistemas do trabalho na vida colectiva da sociedade e na luta pelo poder que a breve trecho se lhe oferecia alcançar.
Todos os paradigmas sociais vigentes até então se alteraram profundamente.
A revolução tecnológica e cientifica a par da massificação global e popular proporcionada pelos meios informáticos. dispersou e desbaratou todos os conceitos e modos de viver ao longo de décadas estabelecidos, entrando a sociedade não só por isso mas também, numa espiral de consumismo e ignorância funesta e letal ainda que lícita acabando por assumidamente alterar o modelo que fazia da família o núcleo central da cultura Europeia.
As mulheres saíram à "rua" e juntaram-se aos homens em todos os dominíos do conhecimento ao mesmo tempo que a sua presença como pilar da família na maternidade e na procura da harmonia entre as discórdias quer familiares quer geracionais deixou de ter a relevância anterior.
O tempo rareou para tanto que fazer e a sociedade cavalgou os desvarios dos também eles deslumbrados governos de toda a Europa .
A par de uma cultura sem par conseguida e de um desenvolvimento galopante, a sociedade descurou (qual mau aluno) por exagero primeiro e omissão depois, as regras básicas do comedimento e do bom senso, da participação e da partilha do bem estar com os seus mais próximos, ao mesmo tempo que ignorava e fomentava o abandono de camadas da população que por falta de meios de orientação e vontade iam ficando para trás.
Assim ! Os governos em conjunto ou isoladamente actuaram (embora nem todos, veja-se os países do norte da Europa) despolidamente e despudoradamente, como se tudo fosse fácil desprezando e auxiliando o desprezo das regras da responsabilidade, deixando ao mesmo tempo ao sabor do vento os valores culturais, éticos e sociais que são a salva guarda das sociedades modernas (quando cumpridos) ou a desgraça dessas mesmas sociedades.
Estado em que actualmente nos encontramos nos países da Europa central e do sul .
A vida e o ritmo actual do modo de viver não se dão bem com os "valores", nem com a calma e ponderação que devem estar presentes quando se lidam com milhões de necessidades de populações que basicamente continuam a ser semelhantes nos seus anseios e expectativas, como sempre ao longo da história sucedeu.
O objectivo no material destruiu os valores do pensamento, da cultura quer espiritual quer solidária
relegando - os a todos para o último patamar dos interesses em curso.
Nos novos tempos que atravessamos chama -se para servir de interluctor ainda que mudo, o interesse pessoal o do grupo e ou partidário, favorecendo assim a desculpabilização global pela perda acentuada dos valores morais e éticos no tempo da globalização que supostamente deveria ser um fator positivo.
Nada foi à luz da racionalidade digno de nota feito de modo genuíno e sincero para mudar aquilo que sempre esteve mal e parece continuar, casos do desenvolvimento de relações Internacionais justas e desinteressadas entre Estados tendo em vista a uniformidade do bem estar entre os Povos, tendo como base a partilha dos que mais podem e têm pelos mais carentes (pessoas e Estados) de modo a não criar (pelo menos a não deixar aumentar) as diferenças abismais que se conhecem e propagam de uma forma conseguida e irresponsável .
Deixando de lado (não por ser despiciente) o desenvolvimento acelerado no combate às doenças e epidemias que assolavam populações e países em todo o mundo, passando (ainda que registando, o grande desenvolvimento que permite agora (grande problema este) que as populações tenham uma maior esperança de vida) tal evolução complicou contudo ela mesmo todo um sistema que, pelas razões já apontadas, não preveniu ou não quis prevenir esse novo desiderato da Humanidade.
A realidade mostra-nos que em pleno século XXI estão os Povos Europeus de novo à beira de um abismo e na dependência de novo de uns tantos (eleitos ou não) para resolverem as suas necessidades básicas como sejam o direito ao trabalho, o direito a poder organizar-se como família, o direito à habitação e o direito a um estado social que lhes escapa por inépcia dos poderes constituídos, deixando-os a todos e aos vindouros num verdadeiro dilema organizacional de como ter uma vida com esperança virada ao futuro e para uma realidade bem mais compreenssível.
Desvalorizada a cultura e o conhecimento técnico, a par de um incentivo ao consumo desenfreado e desresponsabilizado surgem por todo o lado bolsas de pobreza e milhões de subsidiados por um conjunto de Estados que socialmente se encontram agonizantes e desautorizados pelo poder dos credores dos desvarios cometidos.
Quem paga manda e nada como a situação actual para demonstrar esta verdade agora tão propalada e ao mesmo tempo tão repudiada.
Regrediu a História e todo o desenvolvimento técnico de nada para estes problemas serve ou pouco serviu.
Multiplicam-se as manobras económicas com vista ao lucro de alguns (muitos) que benevolamente dizem ajudar o colectivo a troco inevitável de lucros chorudos.
À beira de um período nublado e nebuloso, os Povos da Europa unida ou não, estão como dantes só que com telemóvel, fibra óptica e paz no que à tradicional guerra diz respeito.
Tal no entanto não é liquido que se mantenha por muito mais tempo, pois à paz social descontrolada, ruinosa, continuada e sem fim à vista, pode ser (quase sempre foi) o prelúdio para conflitos sociais mais graves quando não guerras mais ou menos alargadas.
Todo o mundo está em ebulição e sente-se o tremor de um vulcão cujo cone não se vislumbra o local exacto, mas que ao explodir muita lava sob a forma de milhões de desempregados e não só, derrubará estruturas sociais já de si frágeis e por consequència a ordem atual estabelecida dos países Europeus. Como de resto está a acontecer aos países do Norte de África e Oriente nestes casos por diferenças politicas importantes é certo, mas com resultados sociais identicos.
O futuro agora que o egoísmo venceu e a solidariedade se encontra esquecida, é apenas pautado pelo maior lucro possível da alguns e está de modo a que não se possa prever nada de bom para os tempos mais próximos.
Impensável manter este estado de coisas por muito mais tempo na Europa amiga mas conhecedora dos tempos duros, das maiores atrocidades entre os seus membros e que navegam de cimeira em cimeira carregados de diferenças e de dívidas uns aos outros, num lodo e longo caminho de dificuldades semelhantes, à procura da utopia, da diferença negativa mais do que positiva e num modo apressado de vida que esquece o essencial, que a meu ver são as pessoas.
Prevejo grandes convulsões sociais de novo a par da já guerra actual pelo poder económico e tal não me parece que se possa evitar, porque cada um dos representantes da comunidade Europeia, é só por si, já um produto do meio e do ambiente em que foi criado.
A homogeneídade aparente da comunidade Europeia é ela mesmo reflexo de grupos de interesses facilmente manipuláveis pelos mesmos de sempre a saber os EUA e a China.
A Rússia entretida no saque a que internamente se dedica entre Putins e amigos perdeu todo e qualquer tipo de peso opinativo mundial e apenas o peso das armas a mantêm como interluctor a espaços.
As economias emergentes são isso mesmo emergentes e a breve trecho terão os mesmos problemas (que a Europa tenta agora resolver) derivado ao consumismo que os seus povos estão agora a descobrir e a que naturalmente se sentem com direito.
Pede-se nestes casos o comedimento que evite o descalabro. Tal não se vislumbra e os problemas começam a surgir por todos os lados: Inflação no Brasil e conflitos sociais e desemprego nas províncias Chinesas mais ricas e desenvolvidas.
Mais uma vez a globalização descabida e o lucro desenfreado, fazem o seu papel. Reflectindo; O resultado será semelhante ao estado actual em que a Europa se encontra a breve trecho.
São por isso muito negras as nuvens que se aproximam tanto mais que um Sol parece querer tardar nos maestros mais ou menos eleitos, que para já parecem nem as notas saber aplicar às partituras que atabalhoadamente, cada um para seu lado, tenta escrever no concerto das Nações Europeias.
Serão os tratados de Lisboa e os precedentes ainda tocáveis para uma população envelhecida e para várias gerações de jovens inaproveitados e desiludidos ? Veremos.
Não será o Povo embevecido pelas facilidades e cenouras que lhe foram acalmando a existência o principal culpado ou o mais perigoso agente do mal. Mas que tudo lhe irá cair em cima a mando de muitos outros que mais mereceriam estar presos, disso, não me restam grandes dúvidas.
Como sempre, a história assim escreveu..."o mexilhão é a primeira vitima da tempestade no Mar"
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